A venda de dólares pelo Banco Central (BC) em dezembro retirou R$ 186,3 bilhões de circulação, o equivalente a 1,6% do PIB, contribuindo para uma redução de 1,6 ponto percentual na dívida bruta do governo. Essa medida visa afastar temporariamente a dívida do patamar preocupante de 80% do PIB, embora não resolva o problema estrutural de endividamento.
Para evitar impacto na liquidez do mercado, o BC compensou a retirada de dinheiro reduzindo o volume de operações compromissadas, que também são passivos do governo. Em dezembro, foram injetados R$ 242,1 bilhões no sistema bancário por meio dessas operações.
Apesar da contribuição positiva, a dívida continua pressionada por fatores como déficit primário, juros elevados e desvalorização cambial. A alta do dólar (+2,3% em dezembro) e o aperto monetário de 3 pontos percentuais previsto até março devem impactar negativamente a dívida bruta em 2025.
Além disso, parte do efeito das vendas de dólares será revertida, já que US$ 11 bilhões foram negociados em leilões temporários e retornarão ao mercado, aumentando a necessidade de operações compromissadas no futuro.
Mesmo com limitações, a venda de dólares reforça que as reservas internacionais — equivalentes a 18% do PIB em novembro — são ativos líquidos do governo, relevantes para a análise do endividamento nacional.