A recente valorização do dólar frente ao real intensificou a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil em relação ao mercado internacional, especialmente no caso do diesel. Com o câmbio atingindo um novo recorde, fechando a R$ 6,2657 nesta quarta-feira (18), a diferença de preços entre o mercado interno e o internacional atingiu patamares significativos, gerando expectativas sobre um possível reajuste da Petrobras.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do diesel nas refinarias da Petrobras chegou a 14%, enquanto a média nacional, que inclui a Refinaria de Mataripe na Bahia, atingiu 13%. Para se alinhar aos preços praticados no Golfo do México, referência para os importadores brasileiros, o valor do diesel precisaria de um ajuste de R$ 0,49 por litro.
De acordo com Sergio Araújo, presidente da Abicom, o aumento da defasagem está diretamente ligado à alta do dólar, já que os preços internacionais do produto não apresentaram alterações significativas. “O principal motivo da defasagem é o câmbio, o preço do produto não teve alteração”, explicou Araújo.
Enquanto isso, a Petrobras mantém os preços do diesel sem reajuste há 358 dias. A Refinaria de Mataripe, administrada pela Acelen, adota uma política diferente, realizando ajustes semanais. Na semana passada, a Acelen reduziu o preço do diesel em R$ 0,0025 por litro, em contraste com a ausência de mudanças da Petrobras.
A gasolina, que está há 163 dias sem alterações de preço, apresenta uma defasagem menor, de 7% nas refinarias da Petrobras e 6% na média nacional, incluindo Mataripe. Para equiparar os preços com o mercado internacional, a Petrobras poderia aumentar o valor do litro da gasolina em R$ 0,20. Já a Acelen reajustou o preço do combustível em R$ 0,09 por litro na semana passada.
Além disso, a Abicom aponta que as janelas para importação de combustíveis permanecem fechadas há 49 dias para o diesel e 76 dias para a gasolina, reflexo das diferenças de preços que tornam a operação inviável.
A Petrobras alterou sua política de paridade de preços de importação (PPI) no início do ano passado, sob a gestão de Jean Paul Prates. A nova estratégia adota critérios como o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a Petrobras, em vez de priorizar exclusivamente a paridade internacional. Já a Acelen, controlada pelo fundo árabe Mubadala, continua seguindo a política de paridade internacional.
A pressão cambial e a defasagem nos preços dos combustíveis acendem o alerta para potenciais reajustes que podem impactar diretamente consumidores e o mercado.