Ao anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificou a medida alegando que o Brasil impõe barreiras que resultam em “déficits comerciais insustentáveis” para os EUA. No entanto, dados oficiais contradizem essa alegação. Desde 2008, os EUA registram superávit nas trocas comerciais com o Brasil, acumulando um saldo positivo superior a US$ 90 bilhões nos últimos 17 anos — incluindo o resultado parcial de 2025.
Na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump afirmou que a nova tarifa é uma resposta às “muitas décadas de políticas tarifárias e barreiras não tarifárias do Brasil”. Ele também alegou que o déficit com o Brasil representa “uma ameaça à economia e à segurança nacional dos EUA”. O último superávit brasileiro no comércio bilateral ocorreu em 2008, com US$ 928 milhões. Desde então, os EUA vendem sistematicamente mais ao Brasil do que compram.
O governo brasileiro, por sua vez, vinha utilizando esse histórico de déficit como argumento para tentar reverter medidas protecionistas adotadas pelos EUA. A retaliação tarifária ocorre em meio a um cenário de tensões geopolíticas crescentes, especialmente após a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, em que países como Irã e Rússia reforçaram a proposta de criação de uma moeda comum para transações internacionais — em contraponto ao dólar. A declaração final do evento também incluiu críticas às sanções econômicas e ao intervencionismo dos EUA.
Na mesma carta, Trump voltou a criticar as investigações contra Jair Bolsonaro e defendeu o ex-presidente brasileiro: “Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeitei muito. A maneira como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE.” O endurecimento da retórica de Trump coincide com sua tentativa de consolidar apoio de aliados internacionais em meio à corrida eleitoral nos EUA.