O Ibovespa opera em queda nesta quinta-feira (10), refletindo o aumento da aversão a risco entre investidores após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida gerou impacto direto nas exportações e elevou preocupações com os efeitos indiretos sobre o câmbio, inflação e investimentos estrangeiros.
Empresas brasileiras com forte exposição ao mercado americano estão entre as mais pressionadas. Segundo analistas, Embraer (EMBR3), WEG (WEGE3), Tupy (TUPY3), Mahle Metal Leve (LEVE3) e Randon (RAPT4) são algumas das que devem sentir os efeitos mais imediatos do chamado “tarifaço”.
Apesar do cenário negativo, estrategistas da XP Investimentos destacam que algumas ações listadas na B3 podem funcionar como instrumentos de proteção. A corretora montou uma carteira com seis papéis que tendem a se beneficiar ou apresentar menor impacto frente ao aumento das tarifas: SLC Agrícola (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3), Gerdau (GGBR4), Aura Minerals (AURA33), Unipar (UNIP6) e Rumo (RAIL3). Esse conjunto de ativos, apelidado de “cesta contra as tarifas de Trump”, já acumula valorização de 17,3% desde abril, contra alta de 9,6% do Ibovespa no mesmo período.
Além dessas, outras companhias também podem ser favorecidas. A JBS (JBSS32), por exemplo, pode impulsionar os preços em suas operações de carne bovina nos EUA e na Austrália, embora o real impacto ainda seja incerto. Em caso de retaliação do Brasil, a Braskem (BRKM5) pode ganhar mercado interno e elevar os preços das resinas plásticas, mas teria que ajustar sua cadeia de suprimentos para compensar eventuais restrições nas importações de nafta.
A XP elaborou a carteira com base nas projeções para os setores. No agronegócio e transportes, a expectativa é que a demanda chinesa por grãos se desloque dos EUA para o Brasil, o que pode impulsionar empresas brasileiras. Já no setor de mineração e siderurgia, com exposição limitada às tarifas (até 4% da receita), o impacto tende a ser positivo, com possível alta no preço do aço nos EUA.
Por fim, o setor de óleo e gás também pode se beneficiar de um dólar mais forte, efeito colateral da elevação da percepção de risco e possível pressão sobre o real. Para os analistas da XP, o câmbio e o risco-país se tornaram agora os principais pontos de atenção para os próximos dias.