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Reprovação ao Congresso volta a subir e 78% veem deputados e senadores atuando em benefício próprio

Desempenho de senadores e deputados volta a ser mal avaliado por 35%, contra aprovação de 18%

A percepção negativa da população sobre o Congresso Nacional voltou a crescer, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha. O levantamento mostra que 35% dos brasileiros consideram ruim ou péssimo o desempenho de deputados federais e senadores, enquanto apenas 18% avaliam como ótimo ou bom. A maior parte dos entrevistados acredita que os parlamentares atuam mais em prol de seus próprios interesses: 78% afirmam que deputados e senadores priorizam benefícios pessoais em detrimento das necessidades da população.

O resultado marca uma piora na imagem do Legislativo em comparação a março do ano passado, quando as gestões de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado registraram um cenário mais equilibrado, com 23% de reprovação e 22% de aprovação. O atual índice repete o patamar observado no fim de 2023, sinalizando um desgaste persistente na percepção pública sobre o trabalho do Parlamento.

A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, com 2.004 entrevistas em 130 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. Além da avaliação geral, o Datafolha investigou a percepção da população sobre quem se beneficia das decisões dos congressistas. Para 73% dos entrevistados, deputados e senadores tratam melhor os ricos do que os pobres, enquanto apenas 5% enxergam o contrário.

O estudo também revelou diferenças significativas entre eleitores alinhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os lulistas, há um empate técnico na avaliação: 28% consideram o trabalho do Congresso ruim ou péssimo e 26% o avaliam como ótimo ou bom. Já entre os bolsonaristas, a rejeição dispara para 38%, contra 14% de aprovação. A percepção de que os parlamentares agem em benefício próprio também é maior entre eleitores de Bolsonaro (83%) do que entre os de Lula (71%).

Outro recorte apresentado pela pesquisa relaciona o grau de informação sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil pelo governo Donald Trump com a avaliação do Legislativo. Entre aqueles que afirmam conhecer a medida, 48% consideram ruim ou péssimo o desempenho do Congresso, proporção bem superior aos 20% registrados entre os que disseram desconhecer a nova taxação norte-americana.

Historicamente, o Datafolha registra índices de reprovação elevados ao trabalho parlamentar. Desde 1993, a soma de ótimo e bom nunca superou 25%, percentual atingido apenas no fim de 2010, último ano do segundo mandato de Lula. O único momento em que a aprovação superou numericamente a reprovação foi no início de 2003, quando o petista assumiu seu primeiro mandato e os índices ficaram em 24% de aprovação contra 22% de reprovação. O pior resultado da série ocorreu em novembro de 2017, durante a crise política do governo Michel Temer, quando 60% classificaram o trabalho do Congresso como ruim ou péssimo e apenas 5% avaliaram como ótimo ou bom, logo após a Câmara barrar pela segunda vez a denúncia contra o então presidente.

Atualmente presidido por Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado, o Congresso se tornou alvo frequente de críticas nas redes sociais, especialmente após a suspensão do pacote de aumento de impostos proposto pelo governo Lula. Campanhas virtuais com o mote “ricos contra pobres”, em grande parte impulsionadas por peças geradas com inteligência artificial, intensificaram a pressão popular sobre os parlamentares. No cenário atual, aliados de Bolsonaro ainda buscam emplacar pautas como a anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas enfrentam resistência do PT e de partidos do centrão para avançar com essas propostas.

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