Destaque
DestaqueEconomiaNotícias

Varejo cai pelo 3º mês seguido em meio a crédito restrito e alimentos caros, aponta IBGE

Indicador recuou 0,1% em junho, mas cresce 2,17 em 12 meses. Hiper e supermercados puxa retração

As vendas do comércio varejista brasileiro recuaram 0,1% em junho, marcando o terceiro mês consecutivo de queda, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pelo IBGE. O resultado reflete, principalmente, o encarecimento persistente dos alimentos — ainda que com sinais de desaceleração — e as restrições no acesso ao crédito.

No acumulado de 2025, o setor mantém avanço de 1,8%, enquanto, nos últimos 12 meses, o crescimento é de 2,7%. Apesar do recuo modesto no índice geral, o desempenho negativo foi puxado pelo segmento de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios, que apresentou queda de 0,5% no mês. Por ter grande peso na composição do indicador, essa retração exerceu influência decisiva no resultado agregado.

De acordo com Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), além do crédito mais restrito e da inflação ainda resiliente em itens essenciais, a base elevada de comparação em relação a 2024 também contribuiu para a sequência de resultados negativos.

“Um dos fatores para a queda combinada dos últimos três meses é a base alta de comparação. Outros fatores que também influenciam são a retração do crédito e a resiliência da inflação no primeiro semestre em itens-chave, como a alimentação no domicílio”, explicou.

O IPCA, índice oficial de inflação, fechou junho em 5,35% no acumulado de 12 meses — acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Embora o dado mais recente, referente a julho, aponte desaceleração, a pressão sobre o orçamento das famílias ainda limita o consumo, principalmente em setores de bens essenciais.

Desempenho por segmento
Entre as oito atividades do varejo pesquisadas pelo IBGE, cinco registraram queda no volume de vendas entre maio e junho:

  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%);

  • Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%);

  • Móveis e eletrodomésticos (-1,2%);

  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%);

  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).

Três setores apresentaram crescimento no período:

  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+1,0%);

  • Tecidos, vestuário e calçados (+0,5%);

  • Combustíveis e lubrificantes (+0,3%).

Na comparação com junho de 2024, o varejo registrou alta de 0,3% no volume vendido. Analistas avaliam que a melhora recente da inflação e a expectativa de estabilidade ou queda nos juros básicos podem criar um ambiente mais favorável ao consumo no segundo semestre, mas a recuperação tende a ser gradual, dependendo da recomposição do poder de compra das famílias.

Postagens relacionadas

1 of 468