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Legacy vê sucateamento em Banco do Brasil e Petrobras apesar de melhora no cenário

Felipe Guerra afirmou nesta segunda-feira (18) que o Brasil vive um momento de valorização dos ativos locais

O gestor da Legacy Capital, Felipe Guerra, afirmou nesta segunda-feira (18), durante evento da Warren em São Paulo, que o Brasil vive um momento de valorização dos ativos locais, favorecido pela queda do dólar e pelo ambiente externo benigno, mas que esse movimento não reflete méritos internos. Segundo ele, a melhora ocorreu “apesar” das políticas do governo e contrasta com o processo de sucateamento de estatais como Banco do Brasil e Petrobras.

Na avaliação do gestor, os sinais de deterioração já aparecem claramente nos balanços. No Banco do Brasil (BBAS3), a combinação entre a alta da inadimplência no agronegócio e as exigências mais duras do Banco Central fez com que as provisões disparassem, reduzindo o lucro para R$ 3,8 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) recuou para apenas 8%, e a Legacy chegou a montar uma posição vendida nas ações, prevendo ainda uma forte redução no pagamento de dividendos, que podem cair pela metade ou mais.

Já na Petrobras (PETR4), Guerra apontou que a companhia tem consumido o yield oferecido ao investidor com gastos considerados desnecessários. O mercado reagiu negativamente aos resultados recentes, e a estatal perdeu cerca de R$ 32 bilhões em valor de mercado em meio à percepção de que a empresa pretende ampliar investimentos em segmentos menos rentáveis, como distribuição de combustíveis e gás.

Apesar das críticas, o gestor destacou que o Brasil ainda pode se beneficiar se o cenário global permanecer positivo. Para ele, “se o país não escorregar em casca de banana, será possível surfar mais um pouco junto com o ambiente externo”. Guerra também ressaltou que as eleições presidenciais de 2026 terão peso relevante para os ativos, já que parte do mercado aposta em alternância de poder e em um governo mais comprometido com a responsabilidade fiscal.

Por outro lado, ele alertou que, caso o ambiente internacional se deteriore, o quadro doméstico tende a se complicar. “Com cenário externo bom, o estrangeiro aceita ficar mais um pouco. Se virar, a volatilidade eleitoral será ainda maior e ninguém vai aguentar”, concluiu.

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