O Nubank quebrou o silêncio sobre a crise gerada pelo embate entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo de Donald Trump, afirmando que seguirá cumprindo tanto a legislação brasileira quanto as normas internacionais. A declaração foi dada nesta terça-feira (19) pela CEO das operações no Brasil, Livia Chanes, durante coletiva de imprensa.
“Como política institucional, temos um cumprimento absoluto das leis brasileiras e das leis internacionais, mas, nesse momento, não tem nenhuma ação requerida do nosso lado. Em proteção à privacidade dos nossos clientes, também não posso abrir outra informação”, afirmou a executiva, reforçando a postura de neutralidade da fintech diante do impasse.
O posicionamento ocorre em um momento de forte pressão sobre o setor financeiro, após o ministro Flávio Dino, do STF, sinalizar que instituições podem ser punidas caso apliquem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. A declaração foi dada em decisão relativa ao rompimento da barragem de Mariana (MG), quando Dino destacou que ordens judiciais ou executivas de governos estrangeiros só têm validade no Brasil se confirmadas pelo Supremo.
A fala do ministro elevou a incerteza entre investidores e provocou fortes perdas no setor bancário. O Banco do Brasil liderou as quedas, com recuo de 6,02%, seguido por Santander (-4,87%), BTG (-3,48%), Bradesco (-3,42%) e Itaú (-3,04%). Somadas, as perdas resultaram em uma desvalorização de R$ 41,3 bilhões em valor de mercado apenas nesta terça-feira.
O movimento de baixa do setor financeiro contaminou o desempenho do Ibovespa, que encerrou o pregão com queda de 2,10%, aos 134.432 pontos. Já o dólar voltou a se fortalecer diante da maior aversão ao risco, subindo 1,23% e encerrando o dia cotado a R$ 5,500.
No STF, a preocupação é de que bancos brasileiros não tenham se comprometido de forma clara a rejeitar eventuais sanções financeiras contra Moraes no território nacional, ainda que as restrições impostas até agora pelo governo Trump se limitem às transferências internacionais. O impasse adiciona mais incertezas ao mercado financeiro e amplia a tensão diplomática em torno da crise.