O comércio exterior brasileiro por via marítima perdeu força no primeiro semestre de 2025. O saldo da balança encolheu 17,2% frente ao mesmo período do ano passado, para US$ 46,99 bilhões, segundo levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). A queda reflete principalmente o enfraquecimento das exportações de soja, petróleo e minério de ferro, que juntas significaram uma perda superior a US$ 8 bilhões.
A retração veio tanto da queda de preços quanto da redução de volumes embarcados. O petróleo foi afetado por menor quantidade exportada (-3,3%) e desvalorização média de 7,9%. Já soja e minério apresentaram estabilidade em volume, mas sofreram baixas expressivas de preço: -9,6% e -16,6% por tonelada, respectivamente.
Em contrapartida, as importações cresceram 4,8% e alcançaram US$ 97,7 bilhões, impulsionadas pela compra de máquinas e equipamentos industriais (US$ 13,8 bilhões, +12,4%). Segmentos como farmacêuticos (+32,9%) e químicos orgânicos (+23,3%) também puxaram a alta. Com isso, a corrente de comércio (exportações somadas às importações) fechou o semestre em US$ 242,2 bilhões, praticamente estável em relação a 2024.
O presidente da ATP, Murillo Barbosa, atribuiu o desempenho a uma combinação de fatores externos — mudanças tarifárias, conflitos geopolíticos e condições climáticas adversas — que afetaram diretamente os embarques de commodities. Ainda assim, a movimentação portuária total cresceu 1% e atingiu 653,7 milhões de toneladas, conforme a Antaq.
Os terminais de uso privado (TUP) foram responsáveis por quase dois terços do volume, com 422,3 milhões de toneladas (+1,9%). O TUP Vetorial Logística registrou o maior salto proporcional, de 172,7%. Nos portos públicos, houve leve retração de 0,53%, totalizando 231,5 milhões de toneladas.
O comércio com a China, principal parceiro, caiu 7,5%, para US$ 47,5 bilhões, em razão da desvalorização das commodities. Já os Estados Unidos aumentaram sua participação (+2,8%, para US$ 17,3 bilhões), assim como Argentina (+57,6%), Coreia do Sul (+16,5%), Índia (+11,4%) e Alemanha (+4,6%). Entre os mercados em queda aparecem Cingapura (-22,3%), México (-13,8%) e Espanha (-10,4%).
No recorte por produtos, se destacaram os avanços de gorduras e óleos vegetais (+53,4%) e de café, chá, mate e especiarias (+49,1%). Pelo lado da carga, a movimentação contêinerizada subiu 6,2% e somou 78,1 milhões de toneladas, reforçando a integração entre importações e exportações. O Terminal Portuário do Pecém foi destaque, com crescimento de 28,6% no segmento.
O relatório aponta ainda que carga geral e granel sólido subiram 5,2% e 0,7%, respectivamente, enquanto granel líquido e gasoso recuou 1,4%, refletindo a menor movimentação de combustíveis. Regionalmente, o Centro-Oeste liderou em crescimento percentual (+77,1%), recuperando parte das perdas da estiagem de 2024, que havia praticamente paralisado as operações no Rio Paraguai.