O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,48% em setembro na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompeu a deflação observada no mês anterior e ficou abaixo da mediana das projeções do mercado, que estimava avanço de 0,52%.
As previsões coletadas pelo Valor Data variavam de 0,40% a 0,60%, todas positivas. Apesar da aceleração, a leitura sugere que a inflação segue sob relativo controle, reforçando expectativas de que o Banco Central poderá retomar cortes graduais na taxa Selic.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco registraram alta em setembro. O maior impacto veio de Habitação, com avanço de 3,31%. Já o grupo de alimentação e bebidas apresentou queda de 0,35%, a quarta consecutiva, contribuindo para suavizar a pressão sobre o índice.
Outros destaques foram o recuo de 0,25% em Transportes e a elevação de 0,97% em Vestuário. O comportamento dos preços mostra dinâmicas distintas: enquanto a energia e os custos de habitação pesaram no resultado, alimentos e transporte ajudaram a aliviar a inflação.
Embora seja apelidado de “prévia da inflação”, o IPCA-15 mede a variação de preços em período distinto: do dia 15 de um mês ao dia 15 do mês seguinte. Já o IPCA “cheio” acompanha a inflação do mês calendário, do primeiro ao último dia.
Ambos os índices, no entanto, têm a mesma metodologia e servem de referência para avaliar o comportamento dos preços na economia.
Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, patamar que o Copom manteve na última reunião. A ata do encontro mostrou um tom mais cauteloso, indicando que, se necessário, os juros podem até voltar a subir.
Apesar disso, a leitura do IPCA-15 abaixo do esperado reforça a percepção de que a inflação está mais controlada, especialmente com a ajuda da valorização do câmbio e da queda nos preços de commodities e bens industrializados. O próprio BC reconheceu que a dinâmica recente é “mais benigna” que a prevista no início do ano.
Ainda assim, a inflação de serviços segue resiliente e permanece como uma das principais preocupações da autoridade monetária. Esse segmento, ligado ao mercado de trabalho aquecido, tende a responder mais lentamente à política de juros, como mostrou a última Pnad Contínua, que evidenciou a força da ocupação no país.