O governo federal fechou agosto com déficit primário de R$ 15,564 bilhões, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (29). O resultado considera as contas do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central, mas não inclui despesas com a dívida pública. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo chega a R$ 26,6 bilhões, o que corresponde a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta para este ano é de déficit zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo, equivalente a aproximadamente R$ 31 bilhões.
O déficit de agosto é o nono maior para o mês em termos reais na série histórica, iniciada em 1997. O resultado foi composto por um superávit de R$ 3,512 bilhões do Tesouro, déficit de R$ 19,020 bilhões da Previdência Social e saldo negativo de R$ 56 milhões do Banco Central. No acumulado do ano, as contas somam déficit de R$ 86,068 bilhões, resultado do superávit de R$ 179,726 bilhões do Tesouro e dos déficits de R$ 265,359 bilhões da Previdência e R$ 435 milhões do BC.
As receitas líquidas do governo central avançaram 11,1% em agosto frente ao mesmo mês de 2024, totalizando R$ 45,4 bilhões. O aumento foi impulsionado pelo desempenho positivo do Imposto de Renda, do IOF e, sobretudo, pelos dividendos das estatais. Apenas em agosto, o governo recebeu R$ 9,828 bilhões em dividendos, quase três vezes mais do que no mesmo período de 2024, quando entraram R$ 3,481 bilhões. No acumulado do ano, porém, os dividendos recuaram para R$ 33,706 bilhões, ante R$ 40,944 bilhões em 2024. Entre os destaques positivos, o Tesouro mencionou os repasses do BNDES (+R$ 6,8 bilhões) e da Eletrobras (+R$ 1,2 bilhão), que compensaram parcialmente a queda nas transferências do Banco do Brasil (-R$ 1,4 bilhão).
Enquanto a receita cresceu, as despesas totais também subiram, mas em ritmo menor, de 5,3%, chegando a R$ 189,7 bilhões no mês. O aumento foi puxado por benefícios previdenciários (+R$ 2,2 bilhões), gastos com pessoal e encargos sociais (+R$ 2,2 bilhões) e despesas discricionárias (+R$ 8,1 bilhões). Por outro lado, a rubrica “outras despesas obrigatórias” teve forte queda devido à ausência de repasses ao Fundo Eleitoral em 2025, o que representou economia de R$ 5,2 bilhões em relação a agosto de 2024.
Os investimentos públicos tiveram alta expressiva de 71,5% em agosto, alcançando R$ 6,6 bilhões. No entanto, no acumulado de 2025, o montante investido soma R$ 44,4 bilhões, o que representa queda real de 11,3% frente ao mesmo período do ano passado.
O desempenho das contas públicas reflete a dificuldade do governo em equilibrar aumento de arrecadação e expansão de despesas em um cenário de restrição fiscal. Analistas apontam que o desafio para cumprir a meta de déficit zero neste ano será elevado, exigindo controle mais rígido dos gastos, sobretudo diante da pressão contínua da Previdência e da dificuldade em manter o ritmo de receitas extraordinárias.