Funcionários do Banco do Brasil intensificaram a articulação política em Brasília para que a Câmara dos Deputados aprove a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), benefício pago por empresas aos trabalhadores. A movimentação é liderada pela Anabb (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil), que busca inserir a proposta como emenda ao projeto de lei que amplia a faixa de isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL). A votação em plenário está marcada para esta quarta-feira (1º).
A emenda que prevê a desoneração foi apresentada pela deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) e apoiada por outros cinco parlamentares. A estratégia sindical é intensificar o corpo a corpo com deputados nos dias que antecedem a votação para garantir apoio suficiente. De acordo com a Anabb, estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que cerca de 15 milhões de trabalhadores receberam PLR somente no primeiro semestre de 2025.
O presidente da Anabb, Valmir Camilo, defende que a isenção seja aprovada em nome da justiça tributária. “O governo quer discutir a tributação de dividendos e nós não nos opomos. Mas pedimos uma paridade com os investidores, que recebem dividendos sem pagar IR. Hoje, a cobrança sobre o PLR segue a tabela de até 27,5%”, disse em entrevista.
O tema também ganhou apoio político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em visita recente à fábrica da Renault, Lula afirmou que a questão da isenção do PLR “está na minha cabeça há muito tempo” e criticou a isenção de IR sobre dividendos recebidos por acionistas da Petrobras. A Anabb lembra ainda que, em 2019, o Senado aprovou um projeto semelhante, o que, na visão da entidade, reforça a chance de avançar agora.
A discussão sobre o PLR acontece em paralelo ao debate sobre a taxação de dividendos de investidores estrangeiros, prevista no mesmo projeto de reforma do Imposto de Renda. Para os funcionários do BB, o momento é decisivo para incluir a reivindicação histórica na pauta legislativa e garantir maior equilíbrio na política tributária.