O percentual de brasileiros que contraíram dívidas em razão de gastos com apostas on-line mais do que dobrou em menos de um ano, aponta levantamento do PoderData. Em outubro de 2024, apenas 16% dos apostadores afirmavam estar endividados. Em setembro de 2025, esse índice chegou a 35%, revelando uma escalada preocupante no impacto financeiro do setor sobre os usuários.
A pesquisa foi realizada entre os 36% dos eleitores que declararam já ter apostado em plataformas digitais. Dentro desse grupo, 51% disseram não estar endividados e outros 14% preferiram não responder. A análise por perfil mostra que a vulnerabilidade é mais intensa entre determinados segmentos da população. Entre os homens, 43% relataram dívidas ligadas às apostas, proporção bem acima da média geral. Já entre aqueles com apenas o ensino fundamental completo, o índice chegou a 42%. O recorte por renda também chama atenção: 40% dos que recebem até dois salários mínimos afirmaram ter se endividado devido ao uso das chamadas “bets”.
Diante desse cenário, o governo federal, apesar do potencial de arrecadação bilionária trazido pela regulação do setor, tem buscado implementar medidas para mitigar os efeitos colaterais do avanço das apostas digitais. Entre as ações já adotadas estão a criação de um plano de proteção aos apostadores, com foco em saúde mental; a instalação de um sistema de autoexclusão, que permite ao usuário bloquear voluntariamente o próprio acesso a todas as plataformas autorizadas; e a proibição do uso de contas vinculadas ao Bolsa Família e ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) em operações de apostas.
O levantamento do PoderData foi realizado entre os dias 27 e 29 de setembro de 2025, ouvindo 2.500 pessoas em 178 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.