O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (9) que a equipe econômica prepara um conjunto de novas medidas para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como alternativas à Medida Provisória (MP) 1.303, que previa aumento de tributos e foi rejeitada pelo Congresso Nacional na véspera.
Segundo o ministro, o governo tem tempo para discutir as novas propostas, já que o impacto principal da MP se daria apenas em 2026, ano em que o Executivo pretende alcançar superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2025, disse Haddad, o cenário fiscal está mais confortável, especialmente após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou o decreto de elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Haddad evitou detalhar as alternativas em estudo, mas disse que o pacote será apresentado ao presidente em breve. “Estamos trabalhando em um rol de medidas. Não quero antecipar o conteúdo. Há muita especulação, mas o governo tem tranquilidade para debater as opções disponíveis”, afirmou.
O ministro também comentou o embate político que culminou na rejeição da MP no Congresso. Ele atribuiu a derrota a uma articulação de setores que, segundo ele, buscam preservar privilégios. “Houve uma movimentação de forças políticas no país em torno da proteção de privilégios, sobretudo do pessoal da Faria Lima”, disse Haddad, em referência ao setor financeiro.
O ministro ainda criticou o que classificou como uma estratégia eleitoral de enfraquecimento fiscal. “As mesmas forças que abriram os cofres em 2022 para tentar garantir a reeleição do Bolsonaro são as mesmas que estão desorganizando o orçamento de 2026 para obter resultado eleitoral”, afirmou.
Apesar das críticas, Haddad garantiu que o governo federal continuará colaborando com o Estado de São Paulo, mesmo após o envolvimento do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na articulação contra a medida. “A orientação do presidente Lula sempre foi a de jamais discriminar o governador pela sua posição partidária. Mesmo com a notícia de que o governador agiu, na minha opinião, em detrimento do desenvolvimento nacional, nós não vamos prejudicar São Paulo”, destacou.
A declaração de Haddad ocorre um dia após a Câmara dos Deputados retirar de pauta a MP 1.303, considerada essencial para a estratégia fiscal do governo. A medida perderá validade e deixará um impacto estimado de R$ 35 bilhões no orçamento de 2026, reacendendo o debate sobre o equilíbrio das contas públicas em meio à disputa política e às pressões de ano eleitoral.