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Lula reage à derrota da MP e promete discutir tributação de fintechs na próxima semana

Após derrota da MP dos impostos, Lula promete discutir novas medidas e diz que fintechs precisarão pagar tributos “devidos ao país”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (9) que o governo vai discutir alternativas à Medida Provisória (MP) 1.303 — que previa aumento de impostos e foi derrubada pela Câmara dos Deputados — e propor novas medidas voltadas à tributação de fintechs. O anúncio ocorre um dia após o Congresso retirar de pauta a MP, considerada essencial pela equipe econômica para reforçar a arrecadação e reduzir despesas em 2026.

Em entrevista à rádio Piatã, da Bahia, Lula disse que não pretende transformar a derrota política em crise e que o assunto será retomado na próxima semana, após compromissos oficiais. “Eu liguei para o Haddad [ministro da Fazenda] e para a Gleisi [Relações Institucionais] e disse: vamos relaxar, não vamos perder o final de semana discutindo o que aconteceu ontem no Congresso Nacional. Eu estou indo para a Bahia, depois para São Paulo e, de lá, para Roma, para discutir a aliança global contra a fome e a miséria. Eu volto na quarta-feira e, aí sim, vou reunir o governo para discutir como propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs — que têm fintechs maiores que bancos — paguem o imposto devido a esse país”, afirmou.

A Câmara dos Deputados impôs uma derrota expressiva ao governo na quarta-feira (8), ao retirar de pauta a MP que reajustava tributos e alterava isenções fiscais. O requerimento foi aprovado por 251 votos a 193, no último dia de vigência da medida, o que fez com que ela perdesse a validade. A decisão deve abrir um espaço fiscal negativo de cerca de R$ 35 bilhões no orçamento de 2026, segundo técnicos da Fazenda, e pode exigir cortes nas despesas de 2025.

Para o governo, o resultado foi mais político do que econômico. A avaliação é de que partidos do centrão e da bancada ruralista se uniram para impor um desgaste ao Planalto e restringir o espaço fiscal de Lula no ano eleitoral. Apesar das concessões feitas pelo governo — como manter a isenção para títulos imobiliários e do agronegócio e retirar as casas de apostas (bets) do aumento de tributação —, a MP foi aprovada na comissão mista por apenas um voto de diferença, 13 a 12, antes de ser derrubada no plenário.

Durante a entrevista, Lula também comentou a recente conversa por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando o diálogo como “surpreendente” e “cordial”. Segundo ele, o contato abriu espaço para reaproximação diplomática entre os dois países. “Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode lidar com outro”, disse o presidente.

Lula afirmou ainda que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, telefonou ao chanceler Mauro Vieira para dar continuidade às tratativas. “Eu disse que era preciso retirar a taxação dos produtos brasileiros, que ele [Trump] tinha sido mal informado. Agora começa outro momento. Talvez a conversa comece a partir de agora”, afirmou.

Encerrando a entrevista, Lula também voltou a falar sobre as eleições de 2026 e não descartou disputar um novo mandato. “Se eu estiver do jeito que estou, serei candidato à Presidência da República para ganhar as eleições. Tenho certeza de que nossos adversários sabem que será difícil nos derrotar”, declarou.

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