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Quando a ação cai, você desaba junto ou mantém o plano?

O mercado testa seus ativos; as quedas testam você

Por Letícia Bogéa – Analista de Economia do Boletim Nacional

O investidor acostumado ao sobe e desce do mercado aprende que o perigo raramente está na queda em si, mas na reação precipitada a ela. Em momentos de desvalorização, a tentação de vender cresce, o barulho aumenta e as manchetes inflam o medo.

Ainda assim, é nessa hora que os fundamentos de uma empresa precisam falar mais alto do que qualquer oscilação de mercado (nos meus artigos bato muito nessa tecla). Observar lucros, eficiência operacional, rentabilidade e qualidade da gestão é o que separa o investidor disciplinado daquele que apenas responde ao calor do momento.

O mercado não recompensa pressa, humor do dia ou impulsos. Ele recompensa disciplina e quem tem paciência. E disciplina é confiar no plano feito com a cabeça fria, e não criar um novo só porque o preço resolveu despencar, afinal, se você é mesmo um bom investidor, vai ver por muitos momentos seus ativos subirem e caírem. Faz parte!

Ninguém nessa vida só ganha, mas quem não começa a investir vai ter que trabalhar pelo resto da vida. E você se quiser ser um investidor de verdade precisa ter estômago para aguentar. Por isso é importante você entender ao menos o básico, pois isso protegerá sua carteira em momentos instáveis (bons ativos fazem seu patrimônio crescer, mesmo quando eles despencam momentaneamente).

Quedas fazem parte do jogo e algumas delas dizem pouco (ou até nada) sobre o futuro de um ativo. É nisso que um investidor com visão foca! Quando o investidor olha apenas o vermelho da tela, perde a perspectiva do que importa: a história que a empresa continua construindo, mesmo enquanto o preço oscila.
Os investidores iniciantes sofrem porque esperam um caminho reto; os experientes porque sabem o peso psicológico das crises. Mas ambos encontram a mesma resposta quando voltam ao básico: fundamentos sólidos não desaparecem porque o mercado acordou nervoso. Em vez de perguntar “quanto caiu?”, a pergunta mais inteligente sempre será “o que mudou nos fundamentos reais desse negócio”? Se a resposta for “nada relevante”, talvez a queda diga mais sobre o mercado do que sobre a empresa.

É por isso que Benjamin Graham, no livro: “O Investidor Inteligente”, provoca com a pergunta: “o que você faz quando um investimento tem um desempenho ruim durante um período?”. Se a sua resposta é: “vendo”, talvez seja hora de analisar um pouco além.

E, para não falar apenas em teoria, basta observar o movimento recente do mercado: enquanto algumas ações de bancos avançaram, Banco do Brasil despencou. E você o que faz? Quando vê uma queda dessas, reage como? Essa resposta não expõe o ativo; expõe o seu perfil, sua maturidade e o caminho que você está construindo como investidor.

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