As taxas dos DIs dispararam mais de 20 pontos-base em vários vencimentos nesta quarta-feira, com os investidores reagindo novamente de forma negativa às articulações para que o senador Flávio Bolsonaro (PL) seja o principal candidato da direita na eleição presidencial de 2026.
Por trás do movimento está a percepção de que a opção por Flávio sepulta a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome preferido do mercado, potencialmente favorecendo a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,26%, em alta de 21 pontos-base ante o ajuste de 13,046% da sessão anterior. Na ponta longa da curva, a taxa para janeiro de 2035 marcava 13,715%, com elevação de 24 pontos-base ante o ajuste de 13,473%.
Na terça-feira as taxas dos DIs já haviam subido na esteira de uma pesquisa Genial/Quaest, que mostrou Lula bem colocado na disputa presidencial em relação a seus adversários de direita. Em um dos cenários estimulados do levantamento, Lula obteve 41% das intenções de voto em primeiro turno para presidente, com Flávio com 23% e Tarcísio com 10%. Lula venceria todos os oponentes em um eventual segundo turno.
Os temores em relação a Flávio foram intensificados nesta quarta-feira, após nota do site Metrópoles informar no início do dia que o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, disse a integrantes do mercado que Tarcísio tentará a reeleição em São Paulo e que Flávio deve mesmo disputar o Planalto.
Por sua vez, Flávio embarcou para São Paulo no início da tarde para novo encontro com representantes do mercado, dando continuidade ao esforço de aproximação com a Faria Lima.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2028 marcou a máxima de 13,330% às 10h36, em alta de 28 pontos-base ante o ajuste da véspera. A taxa do contrato para janeiro de 2035 atingiu a máxima de 13,765% às 13h51, em alta de 29 pontos-base.
‘Com Flávio forte (à frente de Tarcísio), Lula tem mais chance de ganhar a eleição. Então, sem solução para o fiscal para os próximos cinco anos’, comentou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao justificar a abertura firme da curva brasileira pela manhã.
O movimento reduziu as apostas de que o Banco Central cortará a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano, em sua reunião de janeiro. Durante a tarde, a curva precificava pouco mais de 40% de chance de redução de 25 pontos-base no próximo mês, pontuou a analista Laís Costa, da Empiricus Research. Na véspera, o percentual estava em 65%.
Ainda que o mercado precifique agora chances maiores de manutenção da Selic em janeiro, em meio às tensões políticas, a possibilidade de corte não é desprezível.
(Reuters)








