O JP Morgan rebaixou a recomendação para as ações do Grupo Mateus (GMAT3) de neutra para underweight, equivalente à venda, citando um ambiente macroeconômico mais desafiador, crescimento mais lento e baixa visibilidade sobre a evolução das margens. A avaliação foi divulgada em relatório no qual o banco revisou projeções financeiras e destacou riscos para o desempenho operacional da companhia.
Segundo os analistas, o desempenho das vendas no varejo alimentar vem se deteriorando nos últimos meses. A expectativa de desaceleração da inflação de alimentos até meados de 2026 deve criar um ambiente de preços mais complexo para o setor, que enfrenta dificuldades para ampliar volumes. De acordo com o banco, consumidores têm migrado para produtos mais baratos e demonstrado menor resposta às promoções, o que limita a capacidade de crescimento das redes.
O relatório também aponta que a retração dos repasses do Bolsa Família tende a pressionar o consumo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, que concentram uma parcela relevante dos beneficiários do programa e são áreas centrais de atuação do Grupo Mateus. Por outro lado, a isenção do Imposto de Renda para rendas mensais de até R$ 5 mil deve elevar a renda disponível no país, mas, na avaliação do JP Morgan, os estados onde a companhia atua tendem a ser pouco beneficiados, uma vez que o aumento da arrecadação líquida regional pode compensar parte desse efeito.
Nesse contexto, o banco avalia que a combinação desses fatores dificulta uma recuperação relevante dos volumes vendidos, mesmo com a redução da inflação. O relatório destaca o risco de que as vendas mesmas lojas apresentem desempenho negativo no primeiro semestre de 2026, o que limitaria o espaço para expansão de margens, ainda que a empresa implemente iniciativas de eficiência operacional.
Além disso, o JP Morgan observa que, apesar do potencial para melhorias em despesas e na eficiência do capital de giro, questões relacionadas à governança seguem como um fator de incerteza. O banco cita ajustes contábeis que impactaram estoques e margem bruta, atribuídos a falhas de controle no sistema próprio de planejamento de recursos empresariais, o que tende a manter a ação fora do radar de parte dos investidores.
Como resultado da revisão de cenário, o JP Morgan reduziu suas estimativas de receita e EBITDA para 2026 em 8% e 14%, respectivamente. O lucro por ação permanece praticamente estável em função do reconhecimento de incentivos fiscais de ICMS, mas, excluindo esse efeito, a projeção indica queda de 16%, ficando entre 10% e 15% abaixo do consenso para os anos de 2026 e 2027. O banco estima o valor justo da companhia entre R$ 4,00 e R$ 4,50 por ação em dezembro de 2026 e retirou o preço-alvo anteriormente estabelecido para o período.









