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Investigações contra Bolsonaro podem afetar negociações com EUA, dizem analistas

Ação da PF pode enfraquecer a posição do Brasil em acordos comerciais com os EUA, especialmente em meio a discussões sobre tarifas e exportações

A operação da Polícia Federal que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro pode trazer reflexos na política externa brasileira. Segundo analistas ouvidos, o desgaste político provocado pela ação pode comprometer o avanço das negociações tarifárias com os Estados Unidos, especialmente em temas sensíveis como subsídios agrícolas, tecnologia e exportações industriais.

Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a medida pode levar o presidente americano Donald Trump a “dobrar a aposta”, já que ele tem vinculado publicamente a imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros ao processo judicial enfrentado por Bolsonaro, a quem vem defendendo nos últimos dias.

Cruz afirma que setores mais expostos ao tarifaço, como o agronegócio — especialmente frutas, pescados — e o setor de aviação, podem ser ainda mais penalizados, não só nas exportações, mas também no mercado financeiro, caso as negociações comerciais entre os dois países avancem lentamente.

Na avaliação do analista, a definição jurídica em relação a Bolsonaro, hoje inelegível, pode também ter impactos no cenário político interno, facilitando a articulação de um nome da centro-direita para disputar as eleições de 2026 contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quanto mais rápido isso for resolvido, melhor. A expectativa é que o julgamento termine até setembro, o que permitiria à oposição reorganizar sua estratégia eleitoral”, afirma.

Para Gabriel Mota, da Manchester Investimentos, a ofensiva judicial contra Bolsonaro pode ser interpretada como um fator que eleva o risco de retaliações comerciais. Segundo ele, o mercado deve ficar atento a possíveis novos movimentos de Trump, que pode reagir com novas medidas tarifárias.

Já Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria, avalia que o espaço para negociações tarifárias com os EUA no atual contexto é “diminuto”, especialmente diante da politização do tema.

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