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Fornecedores acusam Banco Master de gestão temerária e pedem suspensão de venda ao BRB

O Banco Master afirma que o contrato foi “devidamente rescindido” e classifica a reclamação como “maliciosa, com objetivo de extorsão”

Prestadores de serviços do Banco Master formalizaram uma representação junto ao Banco Central (BC) denunciando o que classificam como gestão temerária por parte da instituição. No documento, protocolado em 22 de julho, eles solicitam a suspensão da venda do banco ao BRB — estatal do Distrito Federal — e defendem que os administradores do Master sejam impedidos de atuar no sistema financeiro. O BC tem até esta semana para responder ao pedido.

De acordo com a denúncia, à qual o Estadão teve acesso, os fornecedores acusam o banco de ocultar passivos relevantes, não registrados em balanço ou notas explicativas, e de priorizar o pagamento de dividendos e bônus a acionistas em detrimento de obrigações com prestadores de serviços. As alegações apontam para uma suposta estratégia de transmitir ao mercado uma imagem de solidez financeira artificial, em meio às negociações de venda para o BRB.

O caso é liderado pela JM Nascimento Construtora Ltda, contratada em 2021 para captar clientes interessados em crédito consignado. Segundo a empresa, o contrato — assinado junto a outras três companhias — previa comissão de 3,5% sobre a receita obtida, mas os pagamentos nunca foram feitos integralmente. A carteira formada incluía mais de R$ 15 milhões em empréstimos a servidores do Estado de São Paulo. Até o fim de 2024, a construtora afirma ter recebido apenas 1% do valor devido, com promessas de regularização à medida que as operações crescessem.

A situação se agravou em janeiro de 2025, quando rumores sobre intervenção do BC ou venda iminente levaram o Master a reduzir a comissão para 0,3%, condicionando o pagamento do saldo remanescente à conclusão da negociação com o BRB. A carteira de consignados, operada sob a marca Credcesta, integra o pacote de ativos que despertam o interesse do banco estatal, que já apresentou proposta de R$ 2 bilhões pela operação. O negócio, contudo, ainda depende do aval regulatório.

Os denunciantes também afirmam que houve postergação deliberada de pagamentos a fornecedores, reforçando a suspeita de maquiagem nos dados contábeis. Trocas de e-mails e notificações extrajudiciais foram anexadas como prova. A JM Nascimento recusou proposta de encerramento contratual feita em julho pelo Master, que previa pagamento de R$ 1 milhão — valor muito inferior aos mais de R$ 10 milhões que a empresa diz ter a receber.

Nos bastidores, outros fornecedores relataram experiências semelhantes e sinalizam que também irão recorrer ao BC. Para os denunciantes, a conduta do banco afronta a integridade, diligência e lealdade exigidas pela regulação prudencial, podendo justificar a abertura de processo administrativo com consequências severas, incluindo a suspensão da venda ao BRB.

O Banco Master afirma que o contrato foi “devidamente rescindido” e classifica a reclamação como “maliciosa, com objetivo de extorsão”. A empresa garante que tomará “todas as medidas judiciais cabíveis” nas esferas cível e criminal. Já o Banco Central não comentou o caso até o momento.

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