O Banco Central ainda não tem convicção de que a taxa Selic em 15% ao ano seja o nível adequado para garantir o cumprimento da meta de inflação. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (18) pelo diretor de Política Econômica da instituição, Diogo Guillen, durante participação no evento Warren Day. Segundo ele, a autoridade monetária optou por interromper o ciclo de aperto, mas segue examinando se esse é o patamar necessário para alinhar preços e expectativas.
Guillen ressaltou que, uma vez identificada a taxa de juros considerada apropriada, a tendência é que ela seja mantida por um período prolongado, reforçando a estratégia de estabilidade após meses de elevação. O Comitê de Política Monetária (Copom) já havia decidido, na reunião de julho, pela manutenção dos juros em 15%, argumentando que seria necessário observar os efeitos acumulados das altas anteriores.
O contexto, segundo o BC, ainda inspira cautela: expectativas de inflação desancoradas, projeções elevadas para os próximos anos, mercado de trabalho pressionado, resiliência da atividade econômica e incertezas do cenário internacional. Embora os últimos números do IPCA tenham vindo abaixo do esperado, o índice segue acima da meta de 3%, e as projeções de mercado continuam distantes do objetivo oficial.
Durante sua fala, Guillen destacou que a política monetária vem cumprindo seu papel e que os sinais de desaquecimento da economia confirmam os efeitos do juro elevado. Para o BC, a atual moderação no crescimento não representa surpresa, mas um movimento esperado que deve se aprofundar ao longo dos próximos trimestres.
