O Banco Central reiterou nesta terça-feira (22), na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que a taxa Selic será mantida em 15% ao ano por um “período bastante prolongado”, até que haja segurança de que a inflação convergirá para a meta de 3%. O documento destacou que os indicadores recentes de atividade econômica confirmam a trajetória de desaceleração esperada e que as últimas leituras de inflação mostraram um ambiente menos pressionado, embora ainda acima do nível compatível com a meta.
Na semana passada, o Copom já havia mantido os juros estáveis pela segunda vez consecutiva, decisão que chamou a atenção por ocorrer em meio a uma conjuntura considerada mais favorável ao controle de preços. O patamar atual da Selic é o mais alto desde julho de 2006, o que reforça a postura conservadora da autoridade monetária.
Segundo o BC, a estratégia de manter a taxa inalterada busca dar tempo para que os efeitos da política monetária sejam plenamente sentidos pela economia. O colegiado reconheceu que, após um ciclo firme de alta, o momento exige avaliação dos impactos acumulados, mas que ainda não há espaço para flexibilização. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções elevadas de inflação, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, afirmou a ata.
O documento surpreendeu parte do mercado por não trazer qualquer menção às quedas recentes das expectativas inflacionárias em prazos mais longos. Também chamou atenção a manutenção da projeção oficial de inflação em 3,4% para o horizonte relevante, que se estende até o primeiro trimestre de 2027, ainda acima da meta de 3%. Havia expectativa de algum ajuste para baixo.
No cenário externo, o Banco Central citou como fator positivo o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), que tende a favorecer o câmbio brasileiro. Desde a reunião de julho, a cotação média do dólar considerada nas projeções caiu de R$ 5,55 para R$ 5,40. Apesar desse alívio, a autoridade monetária destacou que a conjuntura global segue incerta e exige cautela.
Internamente, o BC reconheceu que a economia dá sinais de moderação, mas sem sinais de recessão, e destacou que o mercado de trabalho ainda mantém dinamismo. A mensagem central, no entanto, foi de que, diante da persistência de riscos inflacionários, será necessária a manutenção de uma política monetária “significativamente contracionista” por mais tempo do que o mercado vinha antecipando.