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Banqueiros veem trégua no “risco Magnitsky” com possível encontro entre Lula e Trump

Banqueiros e empresários brasileiros avaliam que reunião entre Lula e Trump pode reduzir tensões, aliviar tarifas dos EUA e afastar risco de sanções financeiras ao Brasil

Banqueiros brasileiros com operações nos Estados Unidos receberam com alívio a sinalização de que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump poderão conversar na próxima semana. Para executivos do setor financeiro, a aproximação entre os dois chefes de Estado pode reduzir o chamado “risco Magnitsky”, que tem preocupado bancos e empresas com negócios internacionais.

Nas últimas semanas, diversas instituições brasileiras e americanas foram notificadas pelo Tesouro dos EUA sobre a aplicação da Lei Global Magnitsky, que prevê congelamento de ativos no exterior e restrições de relacionamento para empresas ligadas a pessoas sancionadas. O temor do setor era de que, diante da escalada diplomática, os bancos pudessem ser atingidos diretamente. A reunião, ainda que apenas sinalizada, foi vista como uma chance de distensionar a pior crise bilateral em mais de dois séculos.

O ambiente se agravou após novas sanções americanas anunciadas nesta segunda-feira (22), que miraram pessoas físicas ligadas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, já incluído na lista em julho. Apesar da ampliação das restrições, um banqueiro ouvido sob anonimato destacou que o “risco CNPJ” parece ter diminuído, indicando menor probabilidade de instituições financeiras brasileiras serem afetadas.

No setor privado, a expectativa é de que o diálogo direto abra espaço para reduzir tensões tarifárias e comerciais. Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), avaliou que a sinalização de conversa entre Lula e Trump aumenta a esperança de revisão do tarifaço imposto pelos EUA. A Amcham Brasil também defendeu que o encontro seja um ponto de partida para um “diálogo estruturado” de alto nível, capaz de preservar investimentos e ampliar a cooperação econômica.

A aproximação vem após semanas de articulação do empresariado brasileiro, que enviou delegações a Washington, contratou escritórios de lobby e reforçou contatos com autoridades americanas para destravar o diálogo. No início de setembro, cerca de 130 empresários participaram de missão organizada pela CNI nos EUA e ouviram do vice-secretário de Estado, Christopher Landau, que as tarifas impostas ao Brasil tinham origem essencialmente política.

Agora, o sinal positivo dado em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, trouxe novo fôlego às negociações. Mesmo após críticas de Lula às sanções, Trump abriu caminho para uma reunião inédita com o presidente brasileiro. Para bancos e empresas brasileiras, essa “luz no fim do túnel” pode ser decisiva para evitar impactos mais profundos nas operações financeiras e comerciais entre os dois países.

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