O Santander anunciou alterações em sua carteira de ações para outubro, refletindo um posicionamento mais cauteloso diante do cenário atual. Em relatório, o banco destacou que o Ibovespa acumula valorização de 21% em 2025, enquanto o ETF EWZ, que reúne ADRs de empresas brasileiras em Nova York, sobe 36% no ano. Diante desse desempenho expressivo e da ausência de novos gatilhos de curto prazo, a instituição vê espaço para uma pausa antes de um possível novo ciclo de alta.
Segundo a análise, muitos investidores locais têm reduzido taticamente a exposição à renda variável ou migrado para setores considerados mais defensivos, buscando diminuir o risco das carteiras. No entanto, o movimento contrasta com a atuação dos investidores estrangeiros, que continuam aportando recursos no mercado brasileiro. Apenas em setembro, as entradas líquidas somaram R$ 3,8 bilhões, elevando o fluxo acumulado em 12 meses para R$ 18,3 bilhões.
Entre as mudanças promovidas pelo Santander está a saída do Nubank (ROXO34), que mesmo acumulando ganhos de 31% no ano e mantendo uma tese de crescimento sólida, já atingiu patamares considerados menos atrativos. Já o Bradesco (BBDC4), que avançou 51% em 2025, foi mantido na carteira e ganhou reforço, com a avaliação de que a instituição deve se beneficiar do ciclo de flexibilização da Selic, custos de captação mais baixos, ganhos de eficiência e um ambiente de crédito mais favorável, fatores que podem sustentar um retorno sobre patrimônio (ROE) entre 15% e 17%.
No setor elétrico, a Copel (CPLE6) deixou a lista em meio à expectativa de venda de ações pelo BNDES, que poderia pressionar seu desempenho no curto prazo. Em seu lugar, entrou a Eneva (ENEV3), destacada pelo banco pelo potencial de geração de caixa diante do elevado despacho termelétrico até 2025 e pela expectativa de uma taxa interna de retorno (TIR) real alavancada em torno de 11%.
A Vale (VALE3) também ganhou maior espaço no portfólio, com aumento de 2 pontos percentuais em sua participação. O banco considera o papel um hedge natural em dólar, importante no equilíbrio da carteira diante da volatilidade do cenário global.
Para viabilizar as mudanças, o Santander reduziu sua posição em Inter (INBR32) em 3 pontos percentuais, na C&A (CEAB3) em 3 pp, na Rede D’Or (RDOR3) em 1 pp e no BTG Pactual (BPAC11) também em 1 pp. Segundo a instituição, os cortes refletem a forte valorização recente das ações brasileiras e a consequente compressão do prêmio de risco, o que levou à decisão de reduzir taticamente o risco agregado da carteira neste momento.
Ticker | Empresa | Peso |
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RDOR3 | Rede D’Or | 8.0% |
VIVT3 | Telefônica Brasil | 7.0% |
SMFT3 | SmartFit | 6.0% |
MELI US | Mercado Libre | 5.0% |
SBSP3 | Sabesp | 5.0% |
BPAC11 | BTG Pactual | 7.0% |
BBDC4 | Bradesco | 9.0% |
DIRR3 | Direcional | 4.0% |
CYRE3 | Cyrela | 4.0% |
ENEV3 | Eneva | 8.0% |
INBR32 | Inter | 2.0% |
CEAB3 | C&A Modas | 2.0% |
ITUB4 | Itaú Unibanco | 11.0% |
VALE3 | Vale | 11.0% |
PETR3 | Petrobras | 9.0% |