A Visa anunciou nesta terça-feira (30) que dará início a um programa piloto para o uso de stablecoins em pagamentos internacionais, marcando um passo importante na integração de ativos digitais ao sistema financeiro tradicional. A iniciativa surge em meio ao avanço regulatório nos Estados Unidos, após a aprovação da Genius Act, legislação que definiu regras claras para emissores desses tokens digitais.
De acordo com Mark Nelsen, chefe de produtos para soluções comerciais e de movimentação de dinheiro da Visa, a nova lei transformou o cenário. “A Genius Act mudou tudo. Tornou tudo muito mais legítimo. Antes dessa clareza regulatória, todas as grandes instituições estavam meio indecisas”, afirmou em entrevista à Reuters. A companhia revelou que já trabalha com parceiros selecionados, ainda não divulgados, e prevê expandir o projeto em 2026.
A proposta permitirá que bancos, empresas de remessas e instituições financeiras substituam moedas tradicionais por stablecoins no pré-financiamento de contas locais. A mudança promete agilizar as transações internacionais e liberar capital, uma vez que empresas costumam manter recursos parados em diferentes moedas ao redor do mundo para garantir pagamentos locais.
As stablecoins são tokens digitais com valor estável, geralmente lastreados em ativos como o dólar americano ou títulos do Tesouro dos EUA. Embora seu uso para transferências rápidas entre fronteiras levante preocupações sobre o impacto nos bancos regionais e em sistemas de pagamento tradicionais, a adoção pela Visa sugere um caminho de cooperação.
Matthew Tuttle, CEO da Tuttle Capital Management, destacou que essas moedas digitais já não são vistas apenas como um experimento do mercado cripto. “As stablecoins estão passando de truques do mundo cripto para se tornarem parte da infraestrutura financeira. É um dos motivos pelos quais lançamos um fundo de índice inverso de bancos regionais, porque acho que os bancos regionais estão com problemas”, observou.
Para Nelsen, a integração é inevitável. Ele argumenta que recriar a complexa infraestrutura global de pagamentos já existente seria inviável. “A quantidade de software e tecnologia que já foi implementada globalmente para pagamentos é difícil de recriar. Então, parece mais provável apenas incorporar a tecnologia das stablecoins aos fluxos existentes”, disse.
Assim, a estratégia da Visa reforça a ideia de que, em vez de desafiar o sistema, as stablecoins podem ser incorporadas como uma solução complementar, modernizando as operações de pagamentos internacionais e oferecendo mais eficiência às empresas globais.