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Banco Mundial mantém previsão de crescimento do Brasil em 2,4% e vê desaceleração em 2026

Relatório destaca que inflação, dívidas elevadas e tarifas dos EUA seguem limitando o avanço econômico da América Latina

O Banco Mundial manteve sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2,4% para 2025, mas prevê desaceleração para 2,2% em 2026, segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira (6). Apesar do cenário de estabilidade, a instituição alerta que o país e a região latino-americana ainda enfrentam obstáculos persistentes, como inflação elevada, endividamento alto e incertezas geradas pela política tarifária dos Estados Unidos.

De acordo com o Banco Mundial, a América Latina e o Caribe devem crescer 2,5% em 2026, levemente acima da estimativa anterior de 2,4% feita em junho. Para este ano, a previsão de expansão foi mantida em 2,3%, o que representaria uma leve melhora frente aos 2,2% de 2024 — ritmo que, ainda assim, mantém a região como a de crescimento mais lento do mundo.

A vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Susana Cordeiro Guerra, afirmou que os governos têm conseguido preservar a estabilidade econômica, mesmo diante de choques globais sucessivos.

“Os governos da região têm conduzido suas economias através de repetidos choques, preservando a estabilidade. Agora é o momento de acelerar reformas para melhorar o ambiente de negócios, investir em infraestrutura e mobilizar o capital privado”, disse.

O relatório também revisou as projeções para outras economias da região. O México deve crescer 0,5% em 2025, acima da estimativa anterior de 0,2%, com aceleração para 1,4% em 2026. Já a Argentina, que lidera o crescimento entre as maiores economias latino-americanas, teve sua estimativa reduzida de 5,5% para 4,6% em 2025, e deve crescer 4% em 2026.

A Bolívia, por outro lado, deve enfrentar recessão neste e no próximo ano, o que tende a agravar os desafios do governo eleito no segundo turno presidencial, marcado para 19 de outubro.

O Banco Mundial avaliou ainda que, embora a inflação esteja mais controlada, as metas de estabilidade de preços permanecem difíceis de atingir e as taxas de juros caem em ritmo mais lento. As incertezas comerciais — em especial as tarifas impostas pelos Estados Unidos — têm afetado os investimentos e a confiança empresarial em toda a região.

Entre os entraves estruturais destacados estão a infraestrutura precária, o favorecimento de empresas estabelecidas e as deficiências no sistema educacional, que limitam a produtividade e a capacidade de inovação.

“As empresas querem contratar mais pessoas, mas não conseguem encontrar trabalhadores qualificados. É uma combinação de falhas no sistema escolar e no treinamento profissional”, observou William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.

Mesmo com a previsão de desaceleração, o relatório ressalta que o Brasil mantém fundamentos sólidos, sustentados por um setor de serviços aquecido e por políticas fiscais de curto prazo que ajudam a preservar o crescimento econômico.

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