Ultragaz inicia distribuição de GLP feito de óleo de soja

O gás a partir do biocombustível, utilizado em residências e restaurantes, pode diminuir as emissões de carbono em até 80%, se comparadas com as emissões provenientes do uso do carvão

A Ultragaz, empresa especializada na distribuição de gás para residências e empresas, está iniciando a distribuição de bioGLP, uma alternativa renovável ao tradicional "gás de botijão". Diferentemente do GLP convencional, que é derivado de gás liquefeito de petróleo, o bioGLP é produzido a partir de óleo de soja. Essa iniciativa é fruto de uma parceria com a Refinaria Riograndense (RPR), anteriormente conhecida como Refinaria de Petróleo Ipiranga.

"Hoje, o GLP atinge praticamente 100% dos municípios brasileiros, sendo considerado uma fonte energética de alcance significativo e desempenhando um papel importante na transição energética em vários setores industriais. Ele chega a locais onde gasodutos e eletricidade não alcançam, tornando-se uma fonte de energia para diversos consumidores industriais e comerciais, substituindo combustíveis pesados de alta emissão, como óleo e lenha", afirma Aurelio Ferreira, diretor de marketing e experiência do cliente da Ultragaz em entrevista.

A Ultragaz, que integra o grupo de trabalho da Associação Mundial de GLP, dedicado ao estudo de biocombustíveis, foi responsável por popularizar o GLP no Brasil na década de 1930, conforme destaca Ferreira. O propósito redesenhado pela empresa foi expresso na frase "Usar energia para mudar a vida das pessoas".

Com o intuito de expandir seu portfólio, a Ultragaz realizou estudos em 2020, incluindo o bioGLP, que mantém características semelhantes ao GLP tradicional, como um grande potencial de queima, superior ao do gás natural e do óleo diesel.

A empresa colaborou com a Universidade de São Paulo (USP) para estudar a produção do biocombustível, considerando as peculiaridades da realidade brasileira, matérias-primas e processos de desenvolvimento disponíveis. Em 2022, o bioGLP foi produzido pela primeira vez no país, em laboratório.

"O bioGLP possui todas as qualidades e propriedades do GLP convencional, mantendo o mesmo alcance e capilaridade. No entanto, é um produto que reduz a pegada de carbono, contribuindo significativamente para a descarbonização dos clientes", afirma Ferreira. Comparado ao carvão, o bioGLP pode reduzir de 70% a 80% as emissões de carbono geradas durante a queima. O lote piloto consiste em 140 toneladas de combustível renovável, que serão distribuídas aos parceiros. A Refinaria Riograndense estima um potencial de 30 mil toneladas por ano ao longo de dois anos, em caso de sucesso.

Foram identificados segmentos industriais para a introdução no mercado das 140 toneladas do biocombustível, visando uma implementação em escala contínua. O executivo destaca a possibilidade de misturar os dois tipos de GLP para comercialização, armazenamento no mesmo botijão ou tanque, e uso no mesmo forno ou queimador do GLP tradicional.

"Vemos essa produção como complementar ao GLP convencional e como um plano a longo prazo, não apenas no Brasil, mas globalmente. Embora seja um marco importante hoje, temos uma jornada longa pela frente", afirma Ferreira.

O ESG na companhia

A empresa brasileira de distribuição de gás atua em sustentabilidade seguindo uma tríade: inovação, pessoas e governança. A primeira delas, é responsável pelo estudo, análise e desenvolvimento de soluções com foco na transição energética.

Já o segundo pilar, considera as comunidades ao redor das zonas de atuação do negócio, e o terceiro trabalha as questões de integridade corporativa. A Ultragaz também atua no setor de elétrica renovável, gás natural comprimido e biometano. 

(Com informações de Fernanda Bastos, para o portal Exame)