Venezuela reprime a mineração de criptografia para enfrentar a crise energética

O governo venezuelano planeia controlar o excesso de consumo de energia através da última medida, garantindo ao mesmo tempo um fornecimento de energia consistente para a população local

De acordo com o meio de comunicação local AlbertoNews, o Ministério de Energia Elétrica da Venezuela planeja cortar as empresas de mineração de criptografia que extraem energia da rede elétrica nacional SEN (Sistema Elétrico Nacional). 

O governo venezuelano planeia controlar o excesso de consumo de energia através da última medida, garantindo ao mesmo tempo um fornecimento de energia consistente para a população local.

A Associação Nacional de Criptomoedas da Venezuela também confirmou a última proibição da indústria de mineração de criptografia em um post de 18 de maio. A medida segue a recente apreensão de 2.000 dispositivos de mineração de criptomoedas em Maracay como parte de uma campanha anticorrupção. 

O Ministério da Electricidade sublinhou a necessidade de fornecer serviços eléctricos eficientes e estáveis ​​em toda a Venezuela, abordando a pressão sobre a rede energética nacional causada por estas empresas mineiras com utilização intensiva de energia.

Segundo as autoridades, estas restrições são essenciais para estabilizar o fornecimento de energia do país, que tem registado fortes flutuações na última década.

A Venezuela atravessa uma crise energética contínua desde 2009, com o agravamento das condições devido aos apagões massivos em 2019, que deixaram vilas e cidades sem energia durante mais de uma semana. As interrupções frequentes deterioraram a vida quotidiana dos residentes e as actividades económicas em geral.

A mineração de criptomoedas tem grandes demandas de eletricidade. Como resultado, países como a China e o Cazaquistão impuseram regulamentações rigorosas ou proibições definitivas da actividade para preservar as suas redes eléctricas, centralizando a mineração em menos locais.

A repressão do governo venezuelano à mineração de criptomoedas faz parte de um esforço mais amplo de combate à corrupção, uma iniciativa que resultou na prisão de vários funcionários de alto escalão.

Joselit Ramírez, ex-chefe da Superintendência Nacional de Criptoativos, é uma figura central nas denúncias de corrupção.

Rafael Lacava, governador do estado de Carabobo, destacou a importância da colaboração pública na identificação de operações mineiras ilegais e incentivou os cidadãos a denunciar quaisquer actividades ilegais:

“Se você, vizinho, ver uma casa que você conhece, mande aquela pessoa desligar a fazenda, ou se não, denuncie, porque quando tiram a luz você tem que dar luz para um homem para que ele possa ganhar alguns reais (dinheiro), você fica sem luz”.

Especialistas, conforme relatado por AlbertoNews, atribuem a crise à má manutenção e ao investimento inadequado na rede elétrica. O governo, no entanto, culpa a sabotagem e prometeu modernizar a rede energética controlada pelo Estado.

Este não é o primeiro ato da Venezuela contra as atividades de mineração de criptomoedas. Em setembro passado, as autoridades venezuelanas apreenderam máquinas de mineração de Bitcoin de uma prisão controlada por gangues, juntamente com armas. Mais de 11.000 soldados foram mobilizados nesse ataque.

Os reguladores da Venezuela suspenderam as operações de mineração de Bitcoin em março, após investigações sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo carteiras de criptomoedas para redirecionar fundos pertencentes à Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), uma empresa petrolífera estatal.