Taxas futuras de juros ampliam alta após indicação de Galípolo para presidência do BC

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,93%

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com altas firmes, ampliadas no meio da tarde após o governo Lula confirmar a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, em um movimento que já era aguardado pelo mercado, mas que intensificou as apostas de que a autarquia subirá a Selic em setembro.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,93%, ante 10,878% do ajuste anterior.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,69%, ante 11,543% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,615%, ante 11,478%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,71%, ante 11,613%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,69%, ante 11,601%.

As taxas dos DIs se firmaram em alta desde o início da sessão, com a curva traduzindo receios do mercado em relação à área fiscal brasileira e dúvidas sobre os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

“O debate sobre se haverá ou não alta da Selic em setembro adiciona um pouco de prêmio na curva também”, comentou durante a tarde Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

A alta firme do dólar ante o real, acompanhando o mercado externo, era outro fator de suporte para as taxas futuras.

Pouco antes das 15h30, no entanto, surgiu o principal fato do dia: após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que Galípolo será indicado para a presidência do BC, em substituição a Roberto Campos Neto a partir de 2025.

Atual diretor de Política Monetária do BC, Galípolo precisará passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ser aprovado pelo plenário da Casa, que fará um esforço concentrado de votações na primeira semana de setembro, em meio às campanhas eleitorais.

Haddad ressaltou que agora o governo começará a trabalhar na definição de outros três nomes que ocuparão cargos na diretoria do BC, formada por nove dirigentes. Segundo ele, as indicações serão feitas “oportunamente”.

A indicação de Galípolo para o comando do BC já era largamente esperada pelo mercado, mas após a confirmação trazida por Haddad as taxas dos DIs renovaram os picos do dia.

(Reuters)