Por Letícia Bogéa, analista de economia do Boletim Nacional
O anúncio de um pacote de cortes de gastos pelo governo federal provocou forte volatilidade no mercado financeiro.
A medida, embora direcionada ao equilíbrio fiscal, gerou incertezas sobre seus impactos econômicos, níveis de emprego e inflação. O dólar subiu e os juros futuros avançaram, gerando preocupação com o efeito recessivo no curto prazo.
O pacote de ajuste fiscal visa economizar R$ 70 bilhões em dois anos, Mas esse anúncio não veio sozinho. O fator que causou a fúria do mercado foi a inclusão inesperada da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil no pacote.
Embora a medida de corte de gastos seja amplamente debatida como necessária para garantir a sustentabilidade fiscal de longo prazo, os investidores têm demonstrado preocupações quanto aos efeitos colaterais de curto prazo, especialmente em um cenário global de desaceleração econômica.
Os cortes podem aliviar pressões inflacionárias, já que a redução da demanda agregada pode desacelerar os preços. Contudo, o impacto dependerá da execução do pacote e de como o Banco Central interpretará o novo cenário fiscal.
Na próxima quarta-feira, 11 de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para definir os novos rumos da taxa Selic, hoje em 11,25%.
A retração nos investimentos públicos, especialmente em setores essenciais, pode limitar o crescimento econômico e elevar o desemprego, aumentando os desafios sociais e econômicos.
Dito isso, é perceptível que o governo enfrentará um desafio de implementar cortes estratégicos para mitigar danos colaterais e recuperar a confiança do mercado, que, inclusive, anda bem nervoso.
O governo soltou o anúncio de corte de gastos após muita pressão do mercado. Foi um anúncio “solto”, sem muito envolvimento, o que faz com que o mercado fique “nervoso”, quase em “pânico”.
Com isso, investidores têm dificuldade em calcular os possíveis desdobramentos da medida. Embora o pacote de corte de gastos seja um passo importante para o equilíbrio das contas públicas, sua implementação requer planejamento e comunicação transparente com a sociedade e os mercados.
Apenas dessa forma será possível minimizar os impactos negativos de curto prazo.
No atual cenário, a incerteza predomina, e o papel do governo será crucial para ajustar expectativas e evitar um aprofundamento da crise econômica.
