Brasil capta US$ 2,5 bilhões em títulos globais
Total levantado pela República e por empresas brasileiras neste ano soma US$ 5,99 bi

O Tesouro Nacional do Brasil realizou, nesta terça-feira, uma captação de US$ 2,5 bilhões no mercado internacional por meio da emissão de títulos da dívida pública em dólar, os chamados global bonds. A operação superou as expectativas iniciais, que previam uma captação de US$ 2 bilhões, impulsionada pela forte demanda dos investidores. O livro de ofertas atingiu US$ 6,5 bilhões ao longo do dia, demonstrando o apetite do mercado por ativos brasileiros.

Os títulos emitidos possuem vencimento em dez anos e oferecem uma taxa de juros anual de 6,75%, abaixo dos 7,05% inicialmente projetados. Esse resultado indica uma percepção positiva sobre a solidez fiscal do país e sua capacidade de honrar compromissos externos. Segundo o Ministério da Fazenda, investidores não residentes foram os principais compradores, com 64% dos recursos oriundos da Europa e América do Norte, enquanto a América Latina, incluindo o Brasil, respondeu por 28%.

A emissão faz parte da estratégia do Tesouro Nacional de ampliar a liquidez da curva de juros soberana no mercado externo e antecipar o financiamento de vencimentos futuros da dívida em moeda estrangeira. “A operação reforça o papel da dívida externa na diversificação da base de investidores e no alongamento do prazo médio da dívida pública”, destacou o Ministério da Fazenda em comunicado.

Mesmo em um cenário de volatilidade nos mercados globais, o Brasil continua atraindo investidores estrangeiros, beneficiando-se de sua posição relativamente estável. Reservas internacionais robustas e uma política fiscal considerada prudente têm contribuído para esse cenário positivo.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, destacou que os estrangeiros têm demonstrado crescente interesse por ativos brasileiros, tanto em títulos de renda fixa quanto no mercado de ações. “Os preços dos ativos estão atrativos, e há um sentimento positivo entre os investidores sobre a economia brasileira”, afirmou. Segundo ele, o Brasil teria capacidade de captar até US$ 10 bilhões por ano no mercado externo sem dificuldades.

Além do Tesouro Nacional, grandes empresas brasileiras estão aproveitando o cenário favorável para captar recursos no exterior. A Raízen, gigante do setor de energia, iniciou roadshows para uma emissão de US$ 750 milhões em títulos de dívida com vencimento em 12 anos ou mais. Os recursos serão utilizados para recomprar papéis que vencem em 2027. A companhia já havia captado US$ 2,5 bilhões no mercado internacional em 2024, em duas operações distintas.

Outras empresas também aproveitaram o momento para buscar capital externo. A JBS levantou US$ 1,75 bilhão em janeiro, com demanda chegando a US$ 10 bilhões. O Bradesco, que não realizava emissões de dívida em dólar há três anos, captou US$ 750 milhões. Já a Usiminas e a Ambipar levantaram US$ 500 milhões e US$ 400 milhões, respectivamente.

Analistas projetam que o volume total de emissões brasileiras em 2025 pode superar os US$ 21 bilhões captados no ano passado. Embora janeiro tenha sido um mês mais moderado, a tendência é de recuperação à medida que a volatilidade global diminui e os investidores buscam ativos de mercados emergentes.

O Brasil segue como um dos principais emissores de títulos da América Latina, representando historicamente cerca de um terço das captações da região.

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