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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 17, que a inflação no Brasil está atualmente entre 4% e 5%, um patamar que considera "relativamente" dentro da normalidade para o período do Plano Real. Segundo ele, o país deixou para trás a fase em que os índices de preços ultrapassavam dois dígitos. Haddad destacou ainda que a valorização do dólar no cenário global pressionou a inflação brasileira, o que exigiu do Banco Central uma política monetária mais rígida para conter os preços. No entanto, com a recente valorização do real frente à moeda americana, o ministro espera uma estabilização inflacionária.
As declarações foram dadas durante sua participação no painel "Um caminho para a resiliência dos Mercados Emergentes", realizado na Conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Al-Ula, na Arábia Saudita. Durante o evento, Haddad também defendeu a reforma tributária sobre o consumo e afirmou que o ajuste fiscal em curso no país não tem caráter recessivo. Para ele, as medidas adotadas garantiram uma projeção de crescimento econômico em torno de 3,5% para 2024, mesmo diante da necessidade de juros elevados para manter a inflação alinhada à meta. O ministro ressaltou que a alta dos juros deve ser temporária e apontou que a recente desvalorização do dólar em cerca de 10% nos últimos dois meses pode contribuir para a estabilização dos preços.
Haddad também enfatizou que o Brasil busca equilíbrio e sustentabilidade em sua política econômica, mesmo enfrentando desafios fiscais e um cenário global adverso. Ele destacou que o fortalecimento do dólar no mercado internacional tem sido um fator relevante a ser considerado no planejamento econômico do país.
Além disso, o ministro abordou a presidência brasileira no G20, reforçando que o país tem defendido uma abordagem de "reglobalização sustentável", que não seja apenas impulsionada por interesses de mercado, mas que também leve em conta a redução das desigualdades regionais e a promoção de oportunidades econômicas mais equilibradas.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, que mediou o debate, ressaltou a crescente importância da resiliência econômica diante da intensificação e da frequência dos choques globais. Para ela, os países precisam não apenas antecipar possíveis impactos econômicos, mas também desenvolver mecanismos para absorvê-los de maneira eficaz.