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O enfraquecimento da atividade industrial no último trimestre de 2024 foi influenciado por fatores macroeconômicos, segundo André Macedo, pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta quarta-feira (5), o IBGE divulgou os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que apontaram uma queda de 0,3% na produção industrial em dezembro, em comparação com novembro.
Esse resultado marcou a terceira retração consecutiva da indústria brasileira no final do ano passado. As quedas foram registradas em outubro (-0,2%), novembro (-0,7%) e dezembro (-0,3%). De acordo com Macedo, esse comportamento não era observado desde o período entre fevereiro e abril de 2021, quando a perda acumulada foi de 5,3%.
“O setor industrial mostrou um desempenho predominantemente positivo até junho de 2024. No entanto, a partir do segundo semestre, houve uma clara desaceleração na produção, que se intensificou no fechamento do ano”, explicou Macedo.
Entre os fatores que contribuíram para essa desaceleração, o pesquisador destacou o aumento da inflação nos últimos meses de 2024, o que reduziu o poder de compra das famílias e, consequentemente, a demanda interna por produtos industriais. Além disso, o ciclo de alta na taxa básica de juros, iniciado pelo Banco Central no segundo semestre do ano passado, também impactou negativamente o consumo e as encomendas à indústria.
“O aumento da Selic eleva os custos de crédito, dificultando o acesso ao financiamento tanto para consumidores quanto para empresas. Isso, somado ao avanço da inflação, especialmente no setor de alimentos, diminui a renda disponível das famílias e afeta diretamente a atividade industrial”, avaliou o especialista.
Macedo observou ainda que, em dezembro de 2024, o nível da produção industrial estava semelhante ao registrado em dezembro de 2009. Embora a produção tenha se mantido 1,3% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), ela ainda está 15,6% abaixo do recorde histórico alcançado em maio de 2011.