Indústria de fundos fecha 1º trimestre com resgate líquido de R$ 39,8 bilhões
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pela Anbima

A indústria de fundos brasileira começou 2025 com o pé no freio. No primeiro trimestre do ano, o setor registrou um resgate líquido de R$ 39,8 bilhões, revertendo completamente o cenário positivo do mesmo período de 2024, quando houve captação líquida de R$ 119,2 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Segundo Pedro Rudge, diretor da entidade, este foi o segundo pior desempenho trimestral dos últimos cinco anos — perdendo apenas para o início de 2023, quando as saídas de recursos foram ainda mais intensas.

Apesar do movimento negativo na captação, o patrimônio líquido da indústria manteve trajetória de crescimento, atingindo R$ 9,4 trilhões até março, o que representa um avanço de 7,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de fundos também aumentou 4,6%, totalizando 32.591, enquanto o total de gestores subiu 2,8%, chegando a 1.033.

Entre as classes de investimento, os fundos multimercados lideraram as perdas, com um resgate líquido de R$ 43,8 bilhões no trimestre. Logo atrás vieram os fundos de ações, que enfrentaram saídas de R$ 27,3 bilhões. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) também apresentaram resultado negativo, com resgate acumulado de R$ 15,1 bilhões — embora esse número tenha sido influenciado por um fundo específico, segundo a Anbima.

Na contramão, a renda fixa voltou a se destacar positivamente. A classe teve captação líquida de R$ 43,2 bilhões, mantendo seu papel de protagonista em um cenário de maior aversão ao risco. “A renda fixa continua sendo o carro-chefe, mas teve uma intensidade menor do que a entrada vista no primeiro trimestre do ano passado”, explicou Rudge. Em 2024, essa classe havia captado R$ 134,4 bilhões no mesmo período.

O desempenho fraco de 2025 reflete um ambiente econômico mais cauteloso, marcado por volatilidade nos mercados, mudanças no apetite dos investidores e um olhar mais criterioso sobre riscos e retornos. Com o avanço da taxa de juros em países desenvolvidos e incertezas no cenário fiscal doméstico, os investidores tendem a adotar uma postura mais conservadora — o que explica a preferência crescente por ativos de renda fixa.

 

Mesmo diante do saldo negativo, o setor continua a se expandir em número de participantes e diversidade de produtos, sinalizando que há espaço para retomada conforme as condições de mercado se estabilizarem.

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