Mercado de luxo enfrenta primeira queda desde 2008
previsão para 2024 indica uma queda de 2% no valor do setor, que deve somar € 363 bilhões (aproximadamente R$ 2,2 trilhões)

O mercado global de luxo, após anos de crescimento consistente, registrou sua primeira retração significativa desde a crise financeira de 2008 — excetuando o período da pandemia. Segundo o relatório anual da Bain & Company, a desaceleração econômica na China contribuiu decisivamente para esse cenário. A previsão para 2024 indica uma queda de 2% no valor do setor, que deve somar € 363 bilhões (aproximadamente R$ 2,2 trilhões).

Além das dificuldades no mercado chinês, a consultoria apontou outros fatores que influenciaram o declínio, como a alta de custos e a menor fidelidade às marcas. “Apenas um terço das marcas de luxo deve fechar 2024 com crescimento positivo”, destacaram as autoras do estudo, Claudia D’Arpizio e Federica Levato. Segundo elas, a expectativa de crescimento na receita das empresas estará ainda mais pressionada para 2025.

O Desafio de Atrair a Geração Z

A reestruturação das estratégias de valor das marcas também foi destacada no relatório, que aponta uma saída de 50 milhões de consumidores do mercado de luxo nos últimos dois anos. Com isso, conquistar a atenção da Geração Z surge como um desafio primordial. “As marcas precisam expandir seu diálogo, oferecendo propostas de valor mais criativas e personalizadas, sem perder o foco nos principais clientes”, defende D’Arpizio.

Segmentos Resistentes e Crescimento Modesto

Embora o cenário geral seja de retração, segmentos específicos do luxo mostraram maior resiliência. Viagens de alto padrão, grandes eventos, wellness e automóveis continuaram a atrair o público de alta renda, enquanto produtos menores, como óculos e cosméticos, ganharam espaço por serem "mimos acessíveis" em tempos de incerteza econômica.

Por outro lado, o setor de joias se mostrou o mais resistente, enquanto calçados e relógios enfrentaram as maiores dificuldades.

Perspectivas e o "Dever de Casa" das Marcas

O mercado de luxo ainda apresenta uma perspectiva de crescimento sólido no longo prazo, impulsionado pelo aumento esperado na riqueza global e pela expansão da base de consumidores de alta renda. No entanto, as marcas precisarão abraçar novos valores. Segundo as pesquisadoras, o setor deve buscar “conexões personalizadas e culturalmente relevantes”, além de uma “execução impecável, habilitada por tecnologia”, para consolidar essa recuperação e garantir a fidelização de novos consumidores.

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