Rentabilidade do Banco do Brasil deve recuar no 1º trimestre mas analistas mantêm visão positiva
A expectativa é de que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) recue para 18,6%

O Banco do Brasil (BBAS3) deve apresentar uma queda significativa na rentabilidade no primeiro trimestre de 2025, segundo projeção do Bradesco BBI. A expectativa é de que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) recue para 18,6%, quase três pontos percentuais abaixo do patamar registrado anteriormente e abaixo da marca de 20%, considerada referência entre analistas. A última vez que o BB ficou abaixo desse nível foi no segundo trimestre de 2022.

De acordo com o BBI, o início de ano será pressionado principalmente por provisões mais elevadas, com destaque para a inadimplência rural, que segue como ponto de atenção para a estatal. A receita líquida de juros também tende a sofrer, impactada por uma base menor de depósitos flutuantes.

No trimestre anterior, o banco já havia registrado queda de 1,68 ponto no ROE, que recuou para 20,3%. Mesmo com os números em retração, a administração mantém o otimismo e acredita na retomada da rentabilidade acima dos 20% ao longo de 2025.

Além do ROE, o lucro líquido do banco deve sofrer retração. A estimativa do BBI é de R$ 8,7 bilhões, o que representa queda de 9% em relação ao mesmo período do ano passado e recuo de 6,2% na comparação trimestral. Ainda assim, o banco de investimentos mantém recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 37.

Impacto do tarifaço de Trump

O Banco do Brasil também foi destaque entre as empresas mais afetadas pelo anúncio do novo pacote tarifário de Donald Trump. Entre 2 e 10 de abril, as ações da estatal perderam cerca de R$ 4,5 bilhões em valor de mercado, superando perdas de empresas diretamente expostas ao comércio exterior, como Brava Energia (BRAV3) e Embraer (EMBR3), conforme dados da Elos Ayta.

Embora o Bank of America tenha classificado a ação como "blindada" dos efeitos diretos das tarifas, por operar majoritariamente no mercado interno, analistas apontam que o risco político pesa. Segundo Sérvulo Mendonça, da Holding SM, investidores estrangeiros tendem a sair primeiro de estatais em momentos de instabilidade.

XP eleva preço-alvo para R$ 41

Apesar do cenário macroeconômico desafiador e da maior inadimplência no agronegócio — que representa cerca de um terço da carteira de crédito do banco — a XP Investimentos elevou a projeção para as ações do BB. O novo preço-alvo é de R$ 41, o que representa potencial de valorização de quase 49% em relação ao fechamento da última quinta-feira (10).

 

Para os analistas Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, o banco será beneficiado por juros elevados, dado que aproximadamente 40% de seus recursos vêm de poupança e depósitos judiciais, que rendem 6% ao ano, enquanto a Selic está em 14,25%. A XP projeta crescimento de 4% no lucro líquido do BB em 2025. O banco divulga os resultados do 1T25 no dia 13 de maio.

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