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A Tesla divulgou nessa terça-feira (22) os resultados do primeiro trimestre de 2025, revelando uma queda expressiva em suas receitas e lucros. A receita total da empresa recuou 9% em relação ao ano anterior, somando US$ 19,3 bilhões — valor abaixo das projeções de Wall Street, que esperavam US$ 21,1 bilhões. O lucro líquido, por sua vez, despencou 71%, atingindo apenas US$ 409 milhões. O desempenho do setor automotivo foi ainda mais impactante: a receita caiu 20%, fechando o período em US$ 13,9 bilhões. Para evitar um prejuízo, a companhia recorreu a US$ 595 milhões em créditos regulatórios.
Diversos analistas atribuem parte desses resultados à crescente exposição política de Elon Musk. O envolvimento direto do empresário com o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) do governo Trump, conhecido por cortes de gastos públicos e demissões em massa, provocou danos à reputação da Tesla. O apoio declarado de Musk a figuras políticas de extrema-direita e declarações polêmicas aumentaram a resistência contra a marca, resultando em protestos, boicotes e até atos de vandalismo.
Diante da crise, Musk anunciou que irá reduzir sua atuação política e retomar o foco nos negócios da Tesla. A partir de maio, promete se dedicar mais intensamente à operação da empresa. Entre as estratégias para reverter o cenário, o bilionário reforçou a intenção de lançar uma versão mais acessível do Model Y e iniciar testes com robotáxis autônomos em Austin, no Texas, ainda em 2025. Apesar do otimismo de Musk, especialistas demonstram ceticismo em relação ao cumprimento de prazos e à segurança da tecnologia de direção autônoma, lembrando que a Tesla já falhou em entregas anteriores.
Além dos desafios internos, a montadora enfrenta forte concorrência global, especialmente da chinesa BYD, que lidera o desenvolvimento de baterias com recarga ultrarrápida, e de montadoras europeias com soluções tecnológicas avançadas. As tensões comerciais entre Estados Unidos e China também pesaram sobre o desempenho da Tesla, que precisou suspender temporariamente as vendas dos modelos S e X no mercado chinês, afetado por tarifas e restrições comerciais.
Mesmo diante de um trimestre difícil, Musk mantém uma visão otimista para o futuro. Ele aposta em inovações como robotáxis e robôs humanoides para impulsionar o crescimento da Tesla e recuperar a confiança dos investidores nos próximos anos.