A economia da zona do euro registrou estagnação no quarto trimestre de 2024, refletindo a cautela dos consumidores e ampliando as preocupações sobre um adiamento da recuperação econômica. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (30) pela Eurostat e indicam um cenário ainda desafiador para o bloco.
O Produto Interno Bruto (PIB) das 20 nações que adotam o euro permaneceu inalterado em relação ao trimestre anterior, frustrando as projeções de um crescimento de 0,1%, conforme estimado em pesquisa da Reuters. O desempenho fraco da economia alemã, que acumula dois anos consecutivos de contração, impactou diretamente o resultado geral da região.
Nos últimos dois anos, o crescimento da zona do euro tem sido limitado por uma série de fatores. A indústria enfrenta uma recessão prolongada devido aos altos custos de energia, enquanto os governos dispõem de menos recursos para impulsionar a economia. Além disso, a maior propensão das famílias a poupar tem reduzido o consumo, aprofundando a desaceleração.
Nos últimos meses, esse cenário se agravou diante da preocupação com um possível enfraquecimento do mercado de trabalho e o risco de uma guerra comercial com os Estados Unidos, fatores que podem comprometer ainda mais o já frágil crescimento do bloco.
Esse quadro negativo reforça as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) anuncie, nesta quinta-feira, sua quarta redução consecutiva nas taxas de juros, além de sinalizar novos cortes para os próximos meses. A flexibilização da política monetária busca estimular o crescimento e evitar uma recessão mais profunda.
Entretanto, parte da estagnação econômica do trimestre pode ser explicada pelo desempenho da Irlanda, que registrou uma contração de 1,3%. O país abriga um grande número de multinacionais dos setores farmacêutico e de tecnologia, o que frequentemente distorce seus indicadores de crescimento e gera volatilidade nos números do bloco.
Na comparação anual, o crescimento do PIB da zona do euro foi de 0,9%, abaixo da expectativa de 1,0%. Entre as principais economias da região, Alemanha e França registraram retração, enquanto a Itália manteve estabilidade. A Espanha foi a única exceção, apresentando um crescimento de 0,8% no período.
O mercado de trabalho também apresenta sinais de enfraquecimento. A taxa de desemprego na zona do euro subiu para 6,3% em dezembro, ante 6,2% no mês anterior, de acordo com dados da Eurostat. Esse aumento pode indicar uma desaceleração no ritmo de contratações, adicionando mais um fator de preocupação para a economia europeia.
