PIB italiano cresce menos que a média da União Europeia
Em teoria, o crescimento deveria ter sido impulsionado pela última explosão do Superbonus e pelos investimentos do Pnrr

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat), o crescimento econômico do país estagnou no terceiro trimestre. A Itália registra, neste momento, a dinâmica econômica mais fraca entre os principais países da zona do euro, ficando bem abaixo da média. O Istat acaba de publicar uma estimativa preliminar sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro, simultaneamente ou quase simultaneamente com os dados da França, Alemanha e Espanha. O resultado é não apenas decepcionante, mas levanta questões sobre o que realmente está acontecendo no país.

Itália cresce menos que o esperado
A variação do PIB foi zero em relação ao trimestre anterior, com crescimento acumulado de apenas 0,4% em 2024, abaixo das previsões, ainda que moderadas, do governo, do Banco da Itália e de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem uma recuperação significativa no último trimestre do ano, a Itália pode não atingir a meta de 0,7% de crescimento prevista para 2024 pelo FMI – uma estimativa que o governo considerava baixa e pouco credível.

Alemanha surpreende; Espanha avança
Embora a Europa também enfrente desafios, outros países apresentaram resultados relativamente melhores. A Alemanha cresceu 0,2% no trimestre, superando as expectativas de contração de 0,1% e aliviando, em parte, os temores de recessão. A França registrou crescimento de 0,4% no período, impulsionado principalmente pelos preparativos para as Olimpíadas, cujo efeito deve se dissipar até o final do ano. A Espanha, por sua vez, teve alta de 0,8%, consolidando-se como a economia mais dinâmica entre as grandes nações europeias, beneficiada por um custo de energia relativamente baixo e pelo maior uso de fontes renováveis, em contraste com a Itália.

Serviços impulsionados pelo turismo
A Itália, portanto, cresce menos que a média da União Europeia e da zona do euro. Em particular, um ponto crítico é o agravamento da crise na indústria, enquanto o setor de serviços cresce, impulsionado pelo turismo e por uma classe média-alta italiana que busca cada vez mais o aluguel de curto prazo como fonte de renda, embora essa prática não promova inovação, educação ou dinamismo econômico.

A crise industrial
A crise industrial na Itália tem duas causas principais neste momento. Em primeiro lugar, o alto custo da energia, especialmente da eletricidade, que é muito superior aos valores europeus e internacionais devido a um modelo energético obsoleto baseado no gás natural. Além disso, há uma baixa competitividade entre os prestadores de serviços de rede, e a atuação das autoridades reguladoras e do governo tem sido tímida. Esses fatores resultam em custos elevados, que comprometem a competitividade da indústria italiana. Em segundo lugar, o enfraquecimento da indústria manufatureira alemã, para a qual a Itália fornece insumos, bem como a queda nas compras de bens de consumo e de luxo pela China, impactam negativamente as exportações italianas. Como resultado, a contribuição das exportações para o PIB é negativa, enquanto o consumo interno permanece estagnado.

Os efeitos ausentes do Pnrr
O resultado é, de fato, surpreendente. Teoricamente, o crescimento de 2024 deveria ter sido impulsionado pela última etapa do Superbonus no primeiro trimestre e pelos investimentos do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (Pnrr) nos meses subsequentes. Contudo, esses investimentos não estão refletidos no PIB, e o governo não tem publicado dados sobre seu andamento. E falando em Pnrr: ficou claro quem é o responsável pelo plano agora, após a transferência do ex-ministro Raffaele Fitto para Bruxelas?

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