Taxa de juros na Argentina cai para 29% após 9º corte pelo governo Milei
A decisão, comunicada na sexta-feira (31), ocorre após a Argentina encerrar 2024 com uma inflação anual de 117,8%

O Banco Central da Argentina anunciou a redução da taxa de juros de referência em 3 pontos percentuais, fixando-a em 29% ao ano, à medida que a inflação continua a desacelerar na segunda maior economia da América do Sul. A decisão, comunicada na sexta-feira (31), ocorre após a Argentina encerrar 2024 com uma inflação anual de 117,8%, significativamente abaixo dos 211,4% registrados em 2023.

De acordo com o conselho do banco central, o corte foi motivado pela redução das expectativas de inflação, e a nova taxa já está em vigor. A medida coincide com a estratégia do governo de desacelerar a taxa oficial de depreciação mensal da moeda, que passará de 2% para 1% a partir de 1º de fevereiro. Essa mudança, considerada controversa, busca controlar ainda mais a inflação.

“O banco central está apostando num declínio contínuo da inflação”, afirmou Leonardo Anzalone, economista e diretor do Cepec, em Buenos Aires. No entanto, ele alertou para os riscos associados à medida. “Se a inflação não desacelerar no ritmo esperado, isso pode pressionar o câmbio e aumentar as expectativas de uma desvalorização.”

Este é o nono corte na taxa de juros promovido pelo banco central desde que o presidente Javier Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023, quando os custos dos empréstimos estavam em 133% ao ano. A redução das taxas de juros tornou-se um dos elementos menos convencionais da estratégia de Milei para conter a inflação. No início dos cortes, a taxa de juros estava quase 13 pontos percentuais abaixo da inflação, mas, com o tempo, o país alcançou uma taxa real mais neutra, conforme apontado em um relatório recente do banco central.

Os investidores já esperavam um novo corte na reunião semanal do conselho do banco central em 16 de janeiro, após o anúncio da redução da depreciação da moeda oficial. No entanto, naquele momento, a instituição optou por manter as taxas estáveis. O último corte antes da decisão atual havia ocorrido em 5 de dezembro.

Apesar da redução das taxas, a Argentina ainda mantém uma série de controles de capital e cambiais, o que permite ao governo continuar ajustando os juros enquanto administra cuidadosamente a desvalorização do peso argentino. O presidente Milei prometeu suspender esses controles ainda este ano, o que poderá forçá-lo a adotar taxas de juros mais atraentes para evitar uma possível corrida cambial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem a Argentina negocia um novo programa de empréstimos, há tempos defende a manutenção de taxas de juros bem acima da inflação como forma de estabilizar a economia do país.

redacao
Conta Oficial Verificada