Uma mudança significativa nas apostas políticas da plataforma Polymarket, que favorece o ex-presidente Donald Trump como vencedor das eleições presidenciais de 2024, levantou questionamentos sobre quatro contas que, juntas, apostaram mais de US$ 28 milhões no candidato republicano. Na quinta-feira (24), a Polymarket confirmou que essas contas pertencem a um único trader.
Segundo a plataforma, a trader é uma cidadã francesa com vasta experiência em negociação e histórico no setor financeiro. As contas foram financiadas por uma “conhecida exchange centralizada de criptomoedas”, identificada por outros veículos de mídia como a exchange americana Kraken.
Apesar do montante considerável investido, a Polymarket afirmou que não encontrou indícios de manipulação de mercado. A empresa, que contratou a empresa de investigações Nardello & Company para analisar o caso, enfatizou que a investigação até o momento não revelou nenhuma tentativa do trader de alterar artificialmente as chances de Trump nas apostas.
Apostas políticas ganham destaque no ciclo eleitoral de 2024
Os mercados de apostas políticas têm desempenhado um papel crescente na corrida eleitoral de 2024, e as movimentações a favor de Trump na Polymarket chamaram a atenção, sobretudo porque diferem das pesquisas tradicionais, que apontam uma disputa acirrada entre os candidatos. Enquanto apoiadores de Trump citam as chances crescentes nas apostas como um reflexo do aumento de seu apoio, pesquisas nacionais indicam que a disputa está dentro da margem de erro.
Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX e um dos maiores financiadores da campanha de Trump, defendeu a precisão dos mercados de apostas, afirmando na plataforma X (antigo Twitter) que esses mercados “são mais precisos que as pesquisas, pois há dinheiro real envolvido”.
Diferença entre apostas e pesquisas
A Polymarket reforçou, em comunicado, que os mercados de previsão, como os de apostas, não são o equivalente a pesquisas de opinião. Enquanto as pesquisas tradicionais medem a intenção de voto, os mercados de previsão avaliam a probabilidade de um evento ocorrer. Esse tipo de mal-entendido, segundo a Polymarket, gera desinformação sobre a natureza das plataformas de apostas.
Na manhã de quinta-feira, a posição total das contas controladas pelo trader somava cerca de US$ 28,6 milhões, sendo que as quatro contas principais — Fredi9999, Theo4, PrincessCaro e Michie — figuravam entre as maiores apostas pró-Trump na plataforma. Além disso, essas contas também apostaram mais de US$ 7 milhões na vitória de Trump sobre a vice-presidente Kamala Harris no voto popular.
Restrições e novas plataformas de apostas
O porta-voz da Polymarket afirmou que o trader está agindo com base em suas convicções pessoais sobre o resultado das eleições. No entanto, a pessoa concordou em não abrir novas contas sem aviso prévio à plataforma.
Atualmente, a Polymarket é proibida de operar para traders dos Estados Unidos, após um acordo com a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) em 2022. Entretanto, outras plataformas estão entrando nesse espaço. A Kalshi, por exemplo, lançou novos contratos eleitorais presidenciais após uma decisão favorável em um tribunal de apelações federal em Washington, D.C. Já a Interactive Brokers também lançou contratos de apostas políticas.
A CFTC continua contestando o direito de plataformas como a Kalshi de hospedar apostas sobre eleições, mas o crescente interesse em mercados de previsão políticos sugere que o papel dessas plataformas será cada vez mais relevante nas próximas disputas eleitorais.
