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A tensão comercial entre Estados Unidos e União Europeia ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, quando os 27 países-membros do bloco aprovaram uma lista inicial de produtos americanos que passarão a ser taxados. A medida foi aprovada após semanas de negociações internas e dá à Comissão Europeia — o braço executivo da UE — o sinal verde para iniciar a aplicação das tarifas a partir de 15 de abril.
Entre os produtos que devem ser impactados pelas novas taxas estão soja, suco de laranja, carne e motocicletas — itens com forte presença no comércio transatlântico. Por outro lado, o uísque americano foi retirado da lista, em um gesto estratégico que visa preservar os fabricantes de bebidas alcoólicas europeus de possíveis represálias e manter a estabilidade em um setor sensível para o bloco.
A decisão vem como resposta direta às tarifas unilaterais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que desde o mês passado implementou taxas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, além de 20% sobre todos os demais produtos vindos da Europa. Trump justifica as medidas como parte de uma ofensiva contra o que considera políticas comerciais injustas praticadas por parceiros internacionais.
A Comissão Europeia, no entanto, vê nas novas tarifas um ataque desequilibrado à economia do bloco e afirma que preferiria negociar. Em comunicado oficial, destacou que as contramedidas aprovadas “podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado”. Como sinal de boa fé, Bruxelas chegou a oferecer zerar tarifas sobre automóveis e outros bens industriais, desde que os Estados Unidos adotassem a mesma postura.
Enquanto as negociações seguem sem avanços concretos, a Europa optou por um contra-ataque gradual e deliberado. As tarifas aprovadas nesta quarta-feira são consideradas um primeiro passo, focado especificamente nas taxas sobre aço e alumínio. A estratégia, segundo fontes diplomáticas, é exercer pressão sem romper completamente os canais de diálogo, apostando na força do mercado europeu e na sua influência econômica para trazer Washington de volta à mesa de negociação.
“A Europa está sempre pronta para um bom acordo”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Mas também estamos preparados para responder por meio de contramedidas e defender nossos interesses.”
Com a escalada, o comércio entre EUA e UE, que movimenta centenas de bilhões de euros por ano, entra em uma fase de incertezas. Empresas de ambos os lados do Atlântico monitoram os desdobramentos com atenção, cientes de que a guerra tarifária pode impactar desde preços ao consumidor até empregos em setores estratégicos da economia global.