Analistas mantêm cautela sobre envio do chip H20 da Nvidia para a China
Analistas continuam esperando restrições significativas ao chip H20 da Nvidia na China

Mesmo após rumores de que o governo dos Estados Unidos estaria reconsiderando as restrições ao envio do chip H20 da Nvidia à China, analistas seguem projetando limitações significativas para a distribuição da GPU no país asiático. O H20, uma versão com desempenho reduzido do modelo topo de linha H100, foi desenvolvido para se manter dentro dos limites técnicos impostos pelos controles de exportação americanos, especialmente no que diz respeito ao número de teraflops por milímetro quadrado.

Embora a Nvidia tenha posicionado o H20 como um produto voltado para um “espaço muito competitivo”, o Morgan Stanley destacou que o chip entrega apenas cerca de 25% do desempenho do H100 — cuja exportação à China foi completamente proibida em 2023. “Quando você obriga a melhor fabricante de hardware de IA do mundo a competir em um patamar 85% inferior ao estado da arte, os preços naturalmente se tornam altamente competitivos”, escreveram os analistas da instituição.

Com base em suas projeções, o Morgan Stanley estima que as margens brutas do H20 estejam na faixa de 50%, bem abaixo da média histórica da Nvidia, que gira em torno de 70%. Segundo o banco, o desempenho limitado do chip já contribuiu para a queda nas margens brutas da companhia nos dois últimos trimestres.

Na última semana, uma reportagem publicada pelo site NPR.com indicou que o Departamento de Comércio dos EUA poderia permitir o prosseguimento dos envios do H20. No entanto, o Morgan Stanley frisou que essa informação não foi confirmada oficialmente, mantendo como cenário base a permanência das restrições. A instituição ressaltou que as proibições continuam em vigor para chips de alto desempenho, o que pode desestimular as empresas chinesas a adquirirem o H20, especialmente diante da chegada das novas GPUs Blackwell, que prometem desempenho até 25 vezes superior.

Diante desse contexto, as companhias chinesas ficam limitadas a três caminhos possíveis: utilizar GPUs em plataformas de nuvem estrangeiras (quando permitido), tentar adquirir chips restritos por vias alternativas (algo legalmente proibido), ou optar por soluções compatíveis, como o próprio H20 da Nvidia ou o MI308 da AMD. Para os analistas, a terceira opção, embora longe do ideal em termos de performance, é a única viável neste momento.

O relatório do Morgan Stanley também ressalta que a computação em nuvem pública não representa uma alternativa abrangente para os usuários chineses, dada a sensibilidade dos dados e os limites regulatórios. Além disso, o banco aponta que a suposta aquisição de chips de alto desempenho via mercado paralelo é frequentemente superestimada, não apenas pelos riscos legais envolvidos, mas também pela dificuldade logística e financeira desse tipo de operação.

Na prática, isso significa que, mesmo com as limitações do H20, empresas chinesas têm conseguido resultados razoáveis com o que está disponível. Contudo, a diferença de desempenho em relação às novas gerações de GPUs pode impactar a competitividade tecnológica do país a médio e longo prazo, especialmente em aplicações de inteligência artificial de ponta.

A expectativa agora gira em torno de um possível posicionamento oficial do governo dos EUA nos próximos dias. Até lá, o mercado segue operando sob o cenário de restrições e com atenção redobrada à evolução das tensões geopolíticas que têm moldado os rumos da indústria global de semicondutores.

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