As maiores altas do Ibovespa em novembro
No melhor mês do Ibovespa em três anos, Magalu apareceu como destaque positivo

Nessa quinta-feira (30), o Ibovespa encerrou o dia em alta, atingindo seus níveis mais elevados desde 2021 e marcando o seu melhor desempenho mensal em três anos, desde novembro de 2020, com um aumento de 12,54%. Esse avanço foi impulsionado principalmente pelo retorno dos investidores estrangeiros ao mercado de ações de São Paulo, diante das expectativas de um possível término do ciclo de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos.

As ações cíclicas, incluindo as do setor de varejo e consumo, figuraram entre os maiores ganhos do dia. Empresas do setor de mineração também registraram uma significativa valorização, impulsionadas pelo aumento dos preços das commodities.

Durante o mês, nove ações tiveram uma valorização superior a 30%, com destaques para Magazine Luiza (MGLU3; +51,88%), Marfrig (MRFG3; +50,46%), CSN (CSNA3; +46,28%), CSN Mineração (CMIN3; +43,25%), BRF (BRFS3; +37,39%), Cogna (COGN3; +34,58%), Lojas Renner (LREN3; +33,52%), Totvs (TOTS3; +31,61%) e Azul (AZUL4; +31,13%).

Em contraste, apenas sete ações do Ibovespa registraram queda neste mês, com as petrolíferas em destaque devido à redução de aproximadamente 5% no preço do petróleo Brent em novembro. Entre as ações que fecharam em baixa estão 3R (RRRP3; -7,58%), GPA (PCAR3; -7,46%), São Martinho (SMTO3; -6,57%), Cemig (CMIG4; -5,71%), PetroReconcavo (RECV3; -4,53%), Minerva (BEEF3; -4,10%) e PRIO (PRIO3; -3,71%).

Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3)

As ações do Magazine Luiza se afastaram das máximas de R$ 2,58 do mês, mas ainda assim fecharam com ganhos expressivos em novembro.

Alguns fatores contribuíram para esse forte desempenho dos ativos. Cabe lembrar que, não muito tempo atrás, no começo deste mês, a ação tinha renovado mínimas de 2023, atingindo R$ 1,33 e ficando perto de tornar-se uma penny stock (ou um ativo de centavos). Com os papéis em uma cotação tão baixa, quaisquer variações de centavos levam a mudanças percentuais expressivas, o que aconteceu com os ativos.

Além disso, o alívio na curva de juros foi um fator preponderante para a recuperação dos papéis.

“As ações cíclicas domésticas figuraram entre as maiores altas, em um cenário favorecido pela diminuição das taxas de juros, tanto no Brasil quanto no exterior. A situação mais controlada no Oriente Médio e a perspectiva do término do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, reforçada pela fragilidade nos dados econômicos e pela queda nos preços do petróleo, contribuíram para o desempenho positivo das bolsas globais. Os Estados Unidos registraram dados de inflação abaixo das expectativas, e há uma perspectiva de desaceleração gradual do crescimento econômico global”, aponta Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos.

O foco da empresa em melhorar a sua rentabilidade também ficou no radar dos investidores, com a companhia destacando essa prioridade durante a Black Friday, que mais uma vez foi desafiadora para as varejistas.

Os diretores do Magazine Luiza  Eduardo Galanternick e Fabrício Garcia deram entrevistas dizendo que a Black Friday deste ano do Magalu teve a maior margem de contribuição de todos os tempos para o evento e que as vendas das lojas físicas cresceram dois dígitos na base anual.

“Saudamos a abordagem mais racional sobre o compromisso de gerenciar crescimento e rentabilidade, que pode trazer uma comparação saudável para todo o setor”, apontaram os analistas do BBI, mas reforçando ainda visão cautelosa para os ativos.

Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3)

Em meados do mês, a Marfrig divulgou seu resultado, com um prejuízo líquido atribuído ao acionista controlador de R$ 112 milhões no terceiro trimestre, revertendo lucro de R$ 431 milhões no mesmo período do ano anterior.

Contudo, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado (excluindo BRF BRFS3) foi de R$ 1,3 bilhão, 6% acima da expectativa do mercado de R$ 1,2 bilhão. A margem Ebitda da companhia na América do Norte ainda está em queda devido a menor disponibilidade de gado e ficou em apenas 6% (-0,8 ponto percentual no trimestre), embora já antecipada pelo mercado. Na América do Sul, os custos mais baixos do gado compensaram parcialmente os preços de exportação ainda fracos. A Marfrig reportou alavancagem financeira de 3,9 vezes no 3T23, abaixo dos 4,3 vezes no 2T23.

“Se ajustada pelos R$ 6 bilhões que ainda serão recebidos pela venda de ativos para a Minerva BEEF3), a alavancagem financeira seria de 3,2 vezes, o que, em nossa opinião, dá algum conforto para a Marfrig buscar o controle absoluto da BRF”, apontou o BBI em relatório após os resultados.

Uma semana depois, o seu conselho de administração aprovou  plano de recompra de até 31 milhões de ações, montante equivalente a 9,30% dos papéis da companhia em circulação no mercado, de acordo com fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A empresa afirmou que a recompra busca maximizar a geração de valor para os acionistas. O prazo máximo para realização das aquisições é de 18 meses.

Mais para o fim do mês, o Bank of America elevou a recomendação das ações da Marfrig de “neutra” para “compra”, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 8,50 para R$ 13, avaliando que a relação risco versus retorno se tornou mais favorável, destacou o banco em relatório do último dia 23.

A analista Isabella Simonato citou que as ações da companhia nos últimos três meses mostravam até então, um desempenho 26% abaixo da performance dos papéis da BRF (BRFS3), empresa na qual detém uma participação de 45%.

“Além disso, em nossa opinião, as ações não refletem a venda de aproximadamente 40% das operações de carne bovina da Marfrig na América do Sul para a Minerva (BEEF3), o que deveria liberar valor significativo”, acrescentou.

Assim como a Marfrig, a BRF (BRFS3) também esteve entre as maiores altas do Ibovespa, ainda que com um avanço mais modesto.

A companhia destacou projeções mais positivas para o quarto trimestre, otimista com as perspectivas de vendas durante o último trimestre de 2023, com base na força de suas conhecidas marcas Sadia e Perdigão, em teleconferência de resultados do terceiro trimestre.

Os investidores acompanham o plano de recuperação em andamento da administração, mesmo com a companhia registrando um prejuízo do terceiro trimestre.

“As operações no Brasil estão melhorando, com as margens Ebitda recuperando 220 pontos base, para 12%”, escreveu o Santander em nota aos clientes em meados do mês. No entanto, o banco classificou os resultados da divisão internacional da BRF como “pouco inspiradores”, com o declínio da margem Ebitda impactado pelos preços de exportação ainda baixos em meio a um excesso global de carne de frango após os recentes surtos de gripe aviária.

Durante teleconferência para discussão dos resultados do terceiro trimestre com analistas, o CEO da BRF, Miguel Gularte, disse que as perspectivas para os preços do frango no mercado de exportação já estão melhorando, com aumentos de até US$ 350 por tonelada dependendo do destino.

Embora a BRF continue com fluxo de caixa livre negativo, os analistas em geral viram progresso com base no sucesso das melhorias operacionais gerais. A BRF consumiu R$ 21 milhões no terceiro trimestre, melhorando em relação ao consumo de caixa de R$ 700 milhões no trimestre anterior, segundo apontou o Santander. Os investidores também seguem de olho em possíveis elevações de participação da Marfrig na empresa; atualmente, ela detém uma participação de 45% na companhia.

Porém, algumas casas de análise seguem pessimistas com o case, caso de Goldman Sachs e do Bank of America, que reiteraram neste mês recomendação de venda ou equivalente para os ativos BRFS3.

CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3)

Dividendos, elevações de recomendação e exposição ao minério de ferro (que teve alta expressiva nas últimas semanas) guiaram um mês de novembro positivo para as ações de CSN e CSN Mineração, ainda que os resultados do segmento de siderurgia não tenham sido tão positivos.

Para a CSN especificamente, que reportou seus resultados do terceiro trimestre de 2023 em meados do mês, o Itaú BBA destacou que o Ebitda de R$ 2,8 bilhões, alta de 24% na comparação trimestral e de 4% na anual, ficou 9% acima das suas estimativas, com a diferença contra as suas projeções principalmente devido a resultados melhores que o esperado no segmento de mineração.

Assim, a empresa revisou para cima o seu guidance (projeção) de produção de minério de ferro e de custos em 2023. Adicionalmente, a CSN também revisou para cima as estimativas de alavancagem financeira ao final do ano. Por último, a geração de caixa ficou positiva em R$ 1 bilhão, principalmente ajudada pelo forte resultado operacional e pela liberação de capital de giro no trimestre. Desta maneira, a alavancagem financeira encerrou o trimestre com queda sequencial para 2,6 vezes.

A CSN Mineração, por sua vez, reportou um Ebitda de R$ 2,0 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 81% em base trimestral e de 115% em um ano, ficando 24% acima da estimativa do banco, de R$ 1,6 bilhão. “A diferença em relação à nossa projeção ocorreu principalmente devido aos preços realizados de minério de ferro melhores que o esperado, que atingiram US$ 75/ton (vs. US$ 66/ton no segundo trimestre)”, avaliou.

As duas companhias ainda anunciaram proventos no mês. O Conselho de Administração da CSN aprovou a distribuição de dividendos intermediários no montante de R$ 985 milhões, à conta de reserva de lucros, correspondendo R$ 0,742782969659389 por ação do capital social, com base nas posições dos acionistas em 20 de novembro de 2023.

Já a CSN Mineração aprovou a distribuição de dividendos intercalares no montante de R$ 1,364 bilhão, correspondendo ao valor de R$ 0,248841853063435 por ação, também de acordo com as posições acionárias do último dia 20.

Também por conta do maior otimismo com o minério de ferro, que guiou uma melhora nos resultados da CSN no 3º trimestre, o Bank of America elevou a recomendação para os ativos CSNA3 no fim do mês de neutra para compra. Os analistas do banco acrescentaram que preferem Vale (VALE3) e CSN em relação a CSN Mineração principalmente em razão de valuations.



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