Fatores como a piora no cenário fiscal, câmbio e inflação devem impactar a decisão

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, na próxima terça-feira, 30 de julho, para decidir sobre a taxa Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a decisão do BC deve permanecer unanime em manter a taxa em 10,50% ao ano, porém o colegiado deve fazer alguma ressalva, chamando a atenção para o compromisso fiscal do Governo e não descartando alta de juros, caso necessário, nas próximas reuniões. 

Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do banco, esta será uma das mais importantes reuniões do COPOM. “De um lado temos o mercado financeiro precificando três altas de juros ainda este ano, levando a Selic a 11,50%, de outro temos o mercado americano precificando três quedas de juros nos EUA para o mesmo período. Deverá o nosso Banco Central subir juros, quando as principais economias do mundo começam um ciclo de queda?” 

Oliveira explica ainda que “neste momento, o Brasil tem fatores pesando mais para manter ou aumentar a taxa de juros do que cortar. Primeiro pelo cenário fiscal, que mesmo com a arrecadação subindo 9,08% real nos últimos 12 meses, ainda temos projeção de déficit fiscal para 2024 e 2025. O corte de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025 parece ser insuficiente para cumprir a meta fiscal e o colegiado deve cobrar isso em sua comunicação. Outro fator é o dólar, que tem se sustentado acima de R$ 5,60, patamar superior as últimas projeções do Copom, podendo trazer pressão inflacionária. Por outro lado, temos a taxa de desemprego nas mínimas históricas, uma inflação que, apesar de estar subindo, ainda está dentro dos limites da meta, e a possível queda dos juros nas economias desenvolvidas”. 

A instituição projeta o IPCA em torno de 4% para este ano. Segundo Oliveira “O cenário é preocupante. Tivemos uma surpresa negativa no IPCA-15 de julho, dias antes da reunião do Copom. Se o IPCA de julho vier acima de 0,39% iremos estourar o teto da meta de inflação, o que está cada vez mais próximo.” 

Em relação ao câmbio, que nos últimos dias ultrapassou os R$ 5,60, Oliveira acredita que o real deverá continuar desvalorizado ao longo do ano, acima de R$ 5,50, mesmo com uma possível queda de juros nos EUA. “As eleições americanas ainda não fizeram impacto no mercado, mas uma vitória do Trump deve fortalecer o dólar mundialmente. A única maneira do real se valorizar novamente frente o dólar é o governo recuperar sua credibilidade fiscal,” explica Oliveira. 

Para os investidores, a renda fixa vem se tornando ainda mais competitiva nas últimas semanas, sendo a melhor opção para quem quer bons retornos e menos risco, porém recomenda-se os papéis pós-fixados neste cenário de incerteza quanto a Selic no longo prazo.

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