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Apesar das dificuldades que enfrenta, a Boeing deu um alívio aos seus investidores nesta quarta-feira (23). A gigante da aviação reportou um prejuízo líquido de US$ 37 milhões no primeiro trimestre de 2025 — uma redução de 89,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando registrou perdas de US$ 355 milhões. Com o resultado abaixo das expectativas negativas e em meio a um dia de otimismo nos mercados, as ações da empresa subiram com força em Nova York.
Considerando os ajustes, o prejuízo por ação ficou em US$ 0,49, bem melhor do que os US$ 1,18 esperados por analistas consultados pela FactSet. A receita, por sua vez, subiu 18% e atingiu US$ 19,5 bilhões, superando levemente a previsão de US$ 19,38 bilhões.
Apesar do desempenho operacional positivo, a Boeing enfrenta pressões crescentes no cenário internacional. A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, acentuada pelas tarifas de 145% impostas recentemente pelo governo Trump, resultou em retaliações diretas ao setor aéreo americano. Pequim ordenou que empresas do país suspendessem a compra de aeronaves e peças da Boeing.
Como reflexo imediato, dois jatos produzidos pela Boeing na China foram devolvidos à fábrica da empresa em Seattle, e um terceiro também deve retornar nos próximos dias, segundo confirmou o CEO Kelly Ortberg. Ele ainda revelou que a companhia parou de receber encomendas de companhias aéreas chinesas — um duro golpe para a maior exportadora dos EUA.
A situação é ainda mais delicada porque, diferentemente de outras multinacionais, a Boeing concentra sua produção dentro dos Estados Unidos. Isso impede a empresa de contornar as tarifas por meio de fábricas em outros países. Além disso, segundo Ortberg, cerca de 80% dos componentes dos aviões são importados — como as asas do 787 Dreamliner, fabricadas no Japão —, o que adiciona mais complexidade ao cenário.
Em resumo, embora os resultados trimestrais tenham trazido alívio momentâneo, a Boeing continua sob intensa pressão geopolítica. A combinação de tarifas, retaliações e dependência de mercados externos deixa a fabricante em uma posição vulnerável, mesmo diante de sinais positivos em seus números financeiros.