Bradesco elenca 8 motivos para comprar ação da Vale agora
O Bradesco BBI vê espaço para a ação subir 45%, com preço-alvo de R$ 92 para o papel da mineradora

A Vale (VALE3) não vive o seu melhor momento na bolsa, com queda de 30% no ano. Porém, o Bradesco BBI vê espaço para a ação subir 45%, com preço-alvo de R$ 92 para o papel da mineradora.

Segundo os analistas Thiago Lofiego e Renato Chanes, embora o quadro global permaneça confuso, especialmente porque a reabertura chinesa não conseguiu ganhar força, as estimativas de preço do minério de ferro de US$ 110/tonelada em 2023 e US$ 100 em 2024 foram mantidas.

Para sustentar a sua tese, a corretora elencou oito motivos para sustentar o otimismo com o papel. Veja a seguir:

Produção de minério de ferro saltará quase 20% no 2S23

Na visão dos analistas, a Vale está no caminho certo para entregar o guidance (projeções) de produção de 310 a 320 milhões de toneladas para 2023, especialmente porque está desbloqueando gradualmente a produção em seus diferentes sistemas.

Enquanto no Sistema Sudeste, a barragem de Torto recebeu a licença de operação e o comissionamento está em andamento, no Sistema Norte, o S11D está se beneficiando de maior estabilidade operacional e novos britadores para o minério Jaspilito.

Além disso, o relatório de produção do segundo trimestre mencionou um aumento significativo na movimentação de minas, o que implica maior disponibilidade para o segundo semestre do ano, destacam.

O Bradesco elevou as estimativas de produção em 2023 para 320 milhões de toneladas, das 315 milhões de toneladas anteriores (o que implica uma produção de 175 milhões de toneladas no 2S23, alta de 17% no semestre).

Vale, no caminho do crescimento

No médio prazo, destaca o BBI, a Vale deverá progredir gradativamente sua produção para 350 a 370 milhões de toneladas, sendo 350 milhões de toneladas em 2026 e 370 milhões de toneladas em 2028.

Para isso, os analistas consideram:

  • que a situação de cavidades na Serra Norte esteja resolvida, o que depende da revisão e flexibilização da Legislação Nacional de Cavidades, resultando em autorizações e licenças para novas jazidas;
  • o novo britador de grande escala no S11D inicia operação em 2026, potencialmente impulsionando um aumento de produção de mais 20 milhões de toneladas, para 100 milhões de toneladas (contra 80 milhões de toneladas em 2023;
  • os Sistemas Sul/Sudeste continuam a retomar a produção, ainda mais apoiados pela expansão de Capanema, que deve adicionar 14 milhões de toneladas no 1S25 e Vargem Grande, que tem potencial para produzir quase 50 milhões de toneladas de minério de ferro, contra 33 milhões de toneladas em 2022 e 35 a 40 milhões de toneladas em 2023.
Legislação Nacional de Cavidades

Os analistas explicam que as cavidades naturais, segundo a legislação brasileira, podem ser classificadas em quatro categorias diferentes de acordo com sua relevância: máxima, alta, média ou baixa.

“Cavernas naturais com grau máximo de relevância não podem sofrer impactos negativos irreversíveis e, portanto, estão protegidas de diversos empreendimentos (mineração, infraestrutura, rodovias, túneis, etc). No início de 2022, o Governo assinou um decreto que permitia às empresas realizar atividades de construção em cavidades de máxima relevância. Um mês após o decreto, o STF suspendeu temporariamente o decreto”, discorrem.

O resultado provável, dizem, é que a legislação anterior prevaleça. No entanto, os analistas veem chances de a legislação ser discutida e potencialmente flexibilizada pelo atual Governo (embora provavelmente com termos diferentes dos aprovados pelo governo anterior), pois não apenas impede a Vale de expandir novas frentes de minas, mas também cria vários gargalos para diferentes projetos de infraestrutura a serem executados no Brasil.

O pior já ficou para trás em termos de custos

O BBI recorda que os custos com entrega total aumentaram de US$ 44/tonelada em 2021 e US$ 49 em 2022 para um máximo de US$ 58 no primeiro trimestre (recuando para US$ 53 no segundo trimestre).

“Esperamos que os custos C1 se aproximem de US$ 20/tonelada nos próximos trimestres (a orientação da Vale para o ano inteiro de 2023 é de US$ 21,50 a 22,50), enquanto os custos totais entregues devem voltar abaixo do limite de US$ 50/tonelada, provavelmente atingindo US$ 47 a 49″, discorre.

De uma perspectiva normalizada, o BBI acredita que todos os custos provavelmente retornarão à faixa de US$ 40 a 45, à medida que a Vale aumenta a produção (modelamos US$ 43 em 2024 e US$ 42em 2025).

Divisão de metais básicos acelerando sua busca para desbloquear valor

Depois de vender uma participação de 13% para Manara Minerals (10%) e Engine No 1 (3%), por US$ 3,4 bilhões, avaliando a empresa em US$ 26 bilhões (implicando um múltiplo EV/EBITDA de 10a 12x), o Bradesco acredita que a Vale agora irá focar em transformar a VBM (Vale Base Metals).

“Acreditamos que com a base de ativos existente, o Ebitda normalizado da VBM poderia oscilar em torno de US$ 2 a 3 bilhões, mas o EBITDA poderia aproximadamente triplicar nos próximos 10 anos, considerando que a produção de cobre poderia aumentar de 350 mil toneladas para 900 mil toneladas e a de níquel de 175 mil toneladas para 300 mil toneladas”, coloca.

As negociações de Mariana ainda são um ponto de interrogação, mas o Bradesco acredita que um acordo é provável

Atualmente, o Bradesco considera uma provisão adicional de aproximadamente US$ 2 bilhões para a tragédia de Mariana, que matou 19 pessoas.

Isso é derivado de um acordo potencial total de R$ 110 bilhões (que foi divulgado algumas vezes pela imprensa desde o ano passado), dos quais R$ 60 bilhões já foram provisionados ou desembolsados pela Vale e BHP, o que implica R$ 50 bilhões restantes (R$ 25 bilhões para a Vale, a serem pagos ao longo de 15 a 20 anos, resultando em nosso VPL de aproximadamente US$ 2 bilhões).

“O momento tornou-se incerto, especialmente após a mudança de Governo. Nosso entendimento é que os estados de Minas Gerais e Espírito Santo receberiam a maioria das indenizações, mas não está claro para nós se o Governo Federal estaria exigindo um percentual maior do novo acordo, considerando o novo quadro fiscal e a necessidade de encontrar novas fontes de receita. Embora esperássemos que tal acordo fosse finalizado no segundo semestre, parece que isso poderá ser adiado para 2024”, coloca.

A remuneração dos acionistas continua a ser uma parte fundamental da estratégia de alocação de capital

Para o Bradesco, a Vale continua a gerar caixa significativo (a corretora estima em US$ 5,1 bilhões em 2023 e US$ 4,5 bilhões em 2024), devolvendo a maior parte aos acionistas.

Os dividendos e recompras deverão representar 14% do valor de mercado nos próximos 12 meses (considerando US$ 6,2 bilhões em dividendos totais no 1T24 e 3T24 e US$ 2bilhões restantes em recompras de ações).

“No futuro, um tema a ser observado é como a empresa tratará os dividendos e fará referência à Dívida Líquida, considerando a separação da divisão de Metais Básicos e sua diferente estratégia de alocação de capital, que será mais focada no crescimento do que nos dividendos”, completa.

Amplo desconto em relação aos pares

O Bradesco nota que as ações da Vale continuam negociando com grande desconto para as da Rio Tinto e BHP (VALE3 negocia a 4,1x o múltiplo EV/EBITDA para 2024, com desconto de 25% e EV/tonelada de US$ 200, com desconto de 33%).

“Embora entendamos que os acidentes com as barragens de rejeitos e ruídos político no Brasil pesem sobre o desconto, acreditamos que a Vale fez importantes avanços nas frentes de segurança de barragens de rejeitos e ESG”, destacam.

O Bradesco diz também que a Vale tem um crescimento de produção mais forte em relação a Rio Tinto e BHP, o que por si só garantiria um múltiplo mais elevado.

“Por último, mas não menos importante, acreditamos que a Vale está progredindo no sentido de liberar mais valor em sua divisão de Metais Básicos, o que poderia contribuir com cerca de US$ 15 a 20 bilhões em uma eventual reavaliação”, completa.

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