Modelo agrofotovoltaico será testado em Minas Gerais após apresentar resultados em estudos em Pernambuco e Alagoas

O Brasil é um país pioneiro na integração entre lavoura, pecuária e floresta. Nos últimos anos, o país tem dado os primeiros passos para adotar mais um modelo que reúne, numa mesma área, mais de uma produção: a geração de energia agrofotovoltaica. 

O modelo agrofotovoltaico consiste na instalação de painéis solares em áreas agrícolas, permitindo a geração de energia elétrica sem a necessidade de desmatar ou ocupar áreas adicionais. Essa tecnologia tem o potencial de aumentar a eficiência do uso da terra e contribuir para a sustentabilidade do agronegócio.

No Brasil, existem alguns projetos piloto de agrofotovoltaica em andamento. Um deles é realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD). O projeto prevê a instalação de quatro módulos com área entre 300 e 400 metros quadrados cada. Sob as placas, serão plantados melão, morango, feijão e alface, além de pastagem para criação de bovinos.

Em Pernambuco, um projeto semelhante, mas de menor escala, mostrou-se promissor em 2019. O módulo de 24 metros quadrados contou com 10 placas fotovoltaicas com potência nominal total de 3,3 kW instaladas a aproximadamente dois metros do solo, abrigando sob ele um sistema de aquaponia onde foram cultivadas hortaliças, peixes e um galinheiro. Em um ano, o sistema produziu 4,8 mil Kwh de energia, cerca de 130 quilos de peixes, 730 unidades de ovos, 336 quilos de hortaliças e 200 unidades de mudas de plantas nativas.

Em Alagoas, professores da Universidade Federal local (UFAL) avaliam desde 2022 a viabilidade do modelo agrofotovoltaico em lavouras de cana-de-açúcar. Sete estruturas com 210 painéis fotovoltaicos foram instaladas na usina Santa Clotilde, em Rio Largo, com um potencial de geração de nove megawatts hora/mês. Nesse caso, também foi observado aumento da produtividade do canavial no primeiro ano quando comparado ao cultivo convencional: de 6% a 23%, a depender da quantidade de módulos fotovoltaicos instalados no sistema.

A adoção de sistemas agrofotovoltaicos ainda é pequena no Brasil, mas tem potencial para crescer. A tecnologia oferece uma série de vantagens, como o aumento da eficiência do uso da terra, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a geração de renda para os produtores rurais.

O governo brasileiro deve incentivar a adoção de sistemas agrofotovoltaicos no país. Para isso, é importante criar políticas públicas que promovam a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia, bem como ofereçam incentivos financeiros para os produtores rurais.

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