Trata-se da primeira droga de uma nova classe medicamentosa que usa interferência de RNA

Durante o Congresso Mundial de Cardiologia, que aconteceu no último final de semana no Rio de Janeiro, o tratamento do colesterol alto foi um dos assuntos mais discutidos. Pesquisadores apresentaram diversas soluções para o problema, que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.

 Segundo os especialistas, é fundamental realizar o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado, já que o colesterol alto aumenta significativamente as chances de infarto e outras doenças cardíacas.

Durante o simpósio Mudanças de Paradigma no Controle do LDL, muito se falou sobre o afamado colesterol ruim: o LDL - que, quando está em taxas elevadas, entope os vasos e forma trombos. Esse é um caminho perigoso, pois é capaz de causar infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Nesse cenário, o inclisiran (ou Leqvio, nome comercial do produto) despontou entre as temáticas do simpósio. Trata-se da primeira droga de uma nova classe medicamentosa que usa interferência de RNA (RNAi) para aumentar a capacidade do fígado de remover o colesterol ruim do sangue, o LDL.

Segundo a cardiologista Roxana Mehran, do Instituto Cardiovascular da Universidade Mount Sinai School of Medicine, o inclisiran representa inovação e avanço no controle do colesterol. 

O inclisiran, administrado no consultório como uma injeção subcutânea a cada seis meses, já foi aprovado pela FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, e outras autoridades sanitárias. No Brasil, está em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que, no País, o medicamento esteja disponível no primeiros semestre de 2023.

Com duas doses anuais e redução sustentada do LDL, inclisiran atua como complemento às estatinas — nome dado a medicamentos voltados a reduzir o colesterol em pessoas que não conseguem esse controle com dieta e exercícios, além de apresentarem outros fatores de risco cardiovasculares.

O estudo clínico com inclisiran mostrou que a medicação reduz em até 52% o LDL de forma efetiva e sustentada em pacientes que já utilizam a dose máxima de estatina e que, mesmo assim, não conseguem controlar o colesterol. 

Dezessete meses após iniciado um estudo clínico, oito em cada dez pessoas que tomaram inclisiran associado à estatina atingiram a meta de colesterol recomendada, inferior a 70 mg/dL. Já só duas em cada dez pessoas que tomaram placebo, associado à estatina, alcançaram a meta. 

Vale frisar que o medicamento inclisiran atua de forma diferente de outras terapias, impedindo a produção da proteína-alvo no fígado, aumentando a captação hepática de LDL e eliminando-o da corrente sanguínea.

O inclisiran foi desenvolvido pela The Medicines Co. A empresa foi comprada pela Novartis em 2019 por US$ 9,7 bilhões.

Qual a sua reação?



Comentários no Facebook