Diretor do BC destaca cautela e dependência de dados para próxima decisão sobre juros
Diretor do BC destaca que o cenário externo apresenta desafios significativos, devido a tensões geopolíticas e incertezas relacionadas à política monetária dos Estados Unidos

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, destacou nesta terça-feira (30) que o Comitê de Política Monetária (Copom) precisa analisar cuidadosamente os dados econômicos antes de tomar uma decisão sobre a taxa de juros na reunião de política monetária da próxima semana. Aquino enfatizou a necessidade de "cautela" em suas declarações.

"Minha posição é de cautela. Preciso avaliar os números para tomar minha decisão. Como o Copom é um colegiado, cada diretor tem direito ao seu voto", afirmou Aquino durante coletiva de imprensa destinada a detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira do BC.

O diretor observou que o Copom está percebendo um descolamento nas expectativas de inflação, reforçando que o comitê tem uma meta de inflação“muito clara”. Aquino destacou que o cenário externo apresenta desafios significativos, devido a tensões geopolíticas e incertezas relacionadas à política monetária dos Estados Unidos.

No contexto doméstico, Aquino observou que dados econômicos e de inflação recentes foram positivos, mas mencionou o debate em torno da meta fiscal, sem entrar em detalhes sobre como isso pode afetar a condução da política monetária e o balanço de riscos do Banco Central.

Após o governo revisar a meta de resultado primário para 2025,alterando para déficit zero em vez de superávit de 0,5% do PIB, houve uma percepção de piora na saúde das contas públicas, que teve um impacto negativo nos ativos brasileiros, especialmente em um contexto global já turbulento.Segundo o mais recente relatório Focus, as projeções de mercado apontam um IPCA de 3,73% para este ano e 3,60% para o próximo, ambos acima da meta de 3%.

A taxa Selic está atualmente em 10,75%, após seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual desde agosto do ano passado. Diante da incerteza crescente, muitos participantes do mercado começaram a prever um corte menor, de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião do Copom,especialmente depois que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou essa possibilidade em comentários recentes.

Sem especificar qual seria seu posicionamento sobre o nível de corte, Aquino reafirmou que está "avaliando os números e esperando a próxima semana para tomar a melhor decisão".

EstabilidadeFinanceira

O sistema financeiro brasileiro permanece resiliente e goza de confiança no trabalho do Banco Central, afirmou Aquino, apoiando-se nas observações do Relatório de Estabilidade Financeira do BC, divulgado no início do dia. Ele ressaltou que houve uma melhora na concessão de crédito no início de 2024, que as provisões do sistema financeiro estão acima das perdas esperadas e que a rentabilidadedos bancos aumentou no segundo semestre do ano passado.

Ele também garantiu que "liquidez não é um problema no Brasil", e que os testes de estresse continuam a demonstrar a resiliência do sistema bancário. Contudo, o diretor admitiu que uma das preocupações persistentes é o risco tecnológico enfrentado pelas instituições financeiras, ressaltando que o BC identificou áreas que precisam ser aprimoradas para reforçar a segurança do sistema.

redacao
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